Pelo menos R$ 741 mil em drogas deixaram de circular no Rio Grande do Sul no primeiro semestre deste ano. Somadas, as apreensões de maconha e cocaína do Departamento Estadual de Investigações (Denarc) cresceram 30% no primeiro semestre deste ano em comparação com o ano passado. De janeiro a junho, foram recolhidas 391 toneladas de entorpecentes contra 302 toneladas em igual período de 2018.
— Batemos as metas — comemora o diretor do Denarc, delegado Vladimir Urach.
A explicação, segundo o policial, está na nova estratégia para atacar organizações ligadas ao tráfico de drogas. Em vez de focar em todos os integrantes de facções de forma indiscriminada, os policiais têm colocado a lupa nos altos escalões do crime: “de gerente para cima”, conta o delegado. Em seis meses, 199 pessoas foram presas pelo Denarc.
A polícia também atribui o aumento no combate ao tráfico ao trabalho da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro. Atualmente, 13 inquéritos estão em andamento na unidade — um deles resultou na Operação Borgata, com quatro presos e apreensão de R$ 5 milhões em bens de um grupo criminoso do Vale do Sinos com aliança estreita com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
— As quatro delegacias de investigação do narcotráfico trabalham apurando e apreendendo as drogas. Quando constatam que há possibilidade de lavagem de dinheiro em alguma das investigações, imediatamente remetem cópia do inquérito à Delegacia de Lavagem e outro inquérito é aberto. A partir daí, as duas investigações caminham juntas — explica o delegado.
Somadas, as quatro DPs apreenderam 94% mais de dinheiro nos primeiros seis meses contra o mesmo período do ano passado. De R$ 342,2 mil para R$ 664,2 mil.
O entorpecente apreendido pelo Denarc percorre longo caminho até chegar ao Rio Grande do Sul. Segundo Urach, as drogas ingressam no Estado de pelo menos três maneiras diferentes. Com caminhoneiros aliciados, com uso de carros roubados ou ainda trazidos por passageiros de ônibus em quantidade reduzidas. Quase toda a maconha vem do Paraguai, segundo a Polícia Civil. Já a cocaína parte de três países até ingressar no Brasil: Peru, Bolívia e Paraguai.
— Já pegamos rota que vinha de Manaus — detalha Urach.
Consórcios
Recentemente, quadrilhas de traficantes têm participado de consórcio para adquirir grandes quantidades de drogas e, consequentemente, diminuir custos e riscos, segundo o diretor do Denarc. A estratégia foi constatada na maior apreensão de maconha do ano no Rio Grande do Sul, ocorrida em 10 de julho, quando foram recolhidas 4,6 toneladas da erva em um depósito na Travessa Doutor Heinzelmann, via estreita próxima à Avenida A. J Renner, no bairro Navegantes, zona norte de Porto Alegre.
— Essas grandes apreensões, de duas a três toneladas, normalmente são consórcio — observa o delegado.
Apesar do aumento nas apreensões de maconha e cocaína, houve queda no recolhimento de crack. Foram 215 quilos a menos na comparação entre os dois semestres.
Quanto às drogas sintéticas, também foi registrada redução nas apreensões de ecstasy e LSD. No primeiro tipo, a queda foi de 62% – de 3.819 comprimidos para 1.436 pílulas. Já em relação ao LSD, foram 71% a menos de um período ao outro. De 7.725 pontos passou para 2.184 pontos. Na contramão desse cenário, estão lança-perfumes, com aumento de 4.200 mil%. Segundo o diretor do Denarc, a queda nas apreensões da maior parte de drogas sintéticas reflete o foco do órgão em outros tipos de drogas.
A apreensão das toneladas de entorpecentes também significa duro golpe monetário nas quadrilhas. Cada quilo de maconha, segundo o delegado Urach, pode ser vendido, por exemplo, entre R$ 1 mil e R$ 5 mil. Já o quilo de cocaína varia entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.
Psotado por Paulo Marques