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Agricultura

Endividamento rural cresce e arrendatários têm prejuízo, alerta BC

Endividamento rural cresce e arrendatários têm prejuízo, alerta BC
Foto: Wenderson Araújo/Confederação Nacional da Agricultura
  • 24/11/2025 - 21:59
  • Atualizado 24/11/2025 - 22:00

O endividamento dos produtores rurais está crescendo, e a situação é pior para aqueles que precisam pagar arrendamento das áreas em que produzem. Estes já estão tendo prejuízo e não estão mais conseguindo honrar seus financiamentos. O alerta foi dado por Claudio Filgueiras, diretor do Departamento de Regulação, Supervisão e Controle das Operações do Crédito Rural e do Proagro (Derop) do Banco Central, em audiência pública no Senado Federal na quarta-feira passada (19/11).

“O arrendatário que financia 100% dos custos hoje não consegue pagar qualquer operação que venha a fazer, mesmo com recursos em taxas direcionadas, com recursos com equalização, no teto do Conselho Monetário Nacional”, afirmou Filgueiras na audiência.

Segundo perspectivas apresentadas por ele na audiência, arrendatários que financiam 100% dos custos das lavouras tiveram prejuízo financeiro médio de 2,6% na safra 2024/25. As margens foram positivas para quem é arrendatário mas não tem financiamentos (14,8%), e também foram positivas para proprietários das terras com ou sem empréstimos bancários (22,6% e 35,7%, respectivamente).

Filgueiras classificou o dado como “alarmante”. “O arrendatário que financia tudo hoje, mesmo que use todas as taxas disponíveis, não consegue ter resultado na sua produção. É hora de parar e pensar se a política está sendo feita da forma que deveria”, disse. “Talvez esse dado nos leve a refletir um pouco sobre como a política pública deveria tratar o financiamento do crédito rural.”

Segundo Filgueiras, a inadimplência dos produtores rurais pessoas físicas chegou a 7,9% da carteira total do sistema financeiro no primeiro trimestre deste ano. Em 2024, no mesmo período, o índice estava em 7%. Os grandes produtores são os que tiveram mais problemas.

“O maior endividamento hoje é dos proprietários de grande porte, de 10,7% e a maior parte deles está no Centro-Oeste, parte do Paraná e São Paulo”, disse.

A maior taxa de inadimplência e de operações em atraso, segundo o diretor, está nos financiamentos oriundos de recursos obrigatórios. O índice é maior do que nos empréstimos de recursos da poupança rural e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

Segundo ele, os financiamentos com origem na poupança rural têm o menor índice de inadimplência porque “parte é utilizada em investimentos e operações mais longas”. “Recurso obrigatório é custeio e operações curtas, é onde tem mais problema. É algo para se pensar sobre a distribuição”, sinalizou.

Segundo Filgueiras, a média nacional de operações de crédito rural em atraso, inadimplentes, prorrogadas e adiadas está próxima de 15%. No Rio Grande do Sul, que enfrentou secas e enchentes, o cenário é pior, e o índice está em 30,6%.

“Há um crescimento significativo de operações em atraso, inadimplentes, prorrogadas e renegociadas com impacto significativo em diversos Estados”, apontou.

As informações são do site Globo Rural