Em manifestação na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo, da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Paparico Bacchi (PL) reforçou defesa dos produtores de leite, cobrando do poder público ações imediatas para garantir um preço mínimo nacional do leite e a liberação dos R$ 38 milhões do Fundoleite, fundo destinado a amparar os pequenos produtores gaúchos atingidos pela crise e pelos desastres climáticos de 2024.
O parlamentar protocolou requerimento de audiência pública na Comissão de Economia com o objetivo de debater a crise na cadeia produtiva do leite no Estado, propondo reunir lideranças políticas, entidades representativas e representantes do governo para discutir soluções urgentes e permanentes para o setor. “O produtor trabalha de sol a sol, mas não consegue cobrir seus custos. O resultado é o abandono da atividade por milhares de famílias rurais, que veem sua renda desaparecer”, alertou Paparico.
Os números confirmam a gravidade do cenário: nos últimos dois anos, mais de 15 mil propriedades leiteiras fecharam as portas no Rio Grande do Sul, e a tendência segue crescente. Entre janeiro e novembro de 2024, o Brasil importou 2,09 bilhões de litros de leite, e apenas nos primeiros quatro meses de 2025, outros 750 milhões de litros chegaram do exterior, um volume que pressiona os preços internos e compromete a sustentabilidade da produção nacional.
Além disso, os custos de produção seguem em alta. O Índice de Insumos para Produção de Leite Cru (ILC), de agosto de 2025, registrou alta de 0,95% em relação a julho, impulsionado pelo aumento do preço de fertilizantes, concentrados e outros insumos essenciais. “Não há como competir com produtos importados subsidiados, enquanto aqui o produtor paga caro por tudo e vende barato. Isso é injusto e insustentável”, enfatizou.
Para enfrentar a crise, o parlamentar encaminhou dois ofícios: um ao Ministério da Agricultura, propondo a criação de um piso de remuneração compatível com os custos de produção, incentivos fiscais, controle das importações e políticas de crédito; e outro à Secretaria Estadual da Agricultura, cobrando medidas estaduais complementares e a imediata liberação dos R$ 38 milhões do Fundoleite.
Esses recursos, lembrou Paparico Bacchi, são fundamentais para ações emergenciais de amparo aos pequenos produtores. “Esses valores, já previstos, precisam ser liberados com urgência para mitigar os efeitos mais graves da crise, garantir a sobrevivência das propriedades familiares e manter o abastecimento de um alimento essencial à população gaúcha”, reforçou.
O deputado destacou ainda que essa cobrança não é recente. Em 13 de dezembro de 2024, ele participou de audiência na Casa Civil do Estado, com o secretário-chefe Artur Lemos, o secretário executivo do SINDILAT/RS, Darlan Palharini, e Cátia Belmonte, chefe de gabinete, para tratar justamente da liberação dos recursos do Fundoleite, que, até o momento, ainda não foram repassados.
“Não se trata de favor nem de privilégio, e sim de respeito ao produtor rural, que sustenta a economia regional, gera empregos e garante alimento para milhões de brasileiros. O leite é estratégico para o Estado e para o país. Não podemos permitir que a combinação de importações descontroladas, custos elevados e abandono da atividade leve o setor ao colapso. O Fundoleite é dos produtores e deve ser usado para protegê-los”, afirmou Paparico Bacchi.