A possibilidade de fechamento da Emergência do Hospital São Vicente de Paulo de Três de Maio, no dia 1º de outubro, mobilizou o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers). Com a finalidade de entender o problema e buscar alternativas para solucioná-lo, o diretor da Região Noroeste do Simers, Willian Adami, acompanhado das assessorias jurídica e política, se deslocou para a cidade e se reuniu com o prefeito, Marcos Vinícius Benedetti Corso, que esteve acompanhado pelo procurador-geral do município, Jorge Wachter, e do assessor jurídico Kácio Gelain.
Corso explicou que o Município foi pego de surpresa com o comunicado, por parte do hospital, sobre o fechamento dos serviços de urgência e emergência.
- O encerramento destes serviços compromete a essência da função hospitalar. Entendemos que a situação do hospital, neste momento, é insustentável - observa o prefeito.
- Neste ano nós já aumentamos o orçamento para o hospital. Enviamos um projeto ao Legislativo, de mais R$ 200 mil à entidade, que foi vetado pela maioria dos vereadores. E logo o hospital emitiu este comunicado - relembra chefe do Executivo da cidade.
O prefeito também acrescentou que o Ministério Público está propondo um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre os municípios atendidos pelo serviço e o hospital, a fim de viabilizar mais recurso.
- É preciso reavaliar a gestão e os serviços prestados. De nossa parte, queremos resolver - completou o prefeito.
Adami destacou que a visita do Simers visa buscar mais informações para entender a situação e reiterar o compromisso do hospital com a população. “Mesmo sendo deficitário, é obrigação do hospital manter estes serviços. A posição do Simers é primar sempre pelo diálogo, agindo como mediador”, diz.
No Hospital São Vicente de Paulo, a comitiva reuniu-se com o diretor administrativo, Igor Prestes, que disse que a preocupação da entidade é com o pagamento dos honorários dos médicos, que está atrasado.
- Contávamos com o projeto, que acabou sendo reprovado. Como não há perspectiva de pagamento, os médicos notificaram que irão cumprir as escalas de trabalho até 30 de setembro - lamentou.
De acordo com o diretor, foi pedido um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) ao MP para os municípios aportarem mais recursos.
- Precisamos de R$ 250 mil por mês, até final do ano, para suprir o que precisamos. Temos um déficit mensal deste valor na emergência - revelou Prestes.
Willian Adami questionou o diretor administrativo se foram buscados outros médicos para a escala de outubro.
- Não, pois como não temos perspectiva de pagamento, é difícil trazer médicos se o problema é a inadimplência. Não havendo médicos, fechamos as portas”, respondeu. Ele acrescentou que este serviço oferecido à população é muito caro, tanto que as outras receitas do hospital não cobrem este déficit. A Rede Verzeri, mantenedora do HSVP, é maior que o hospital e tira lucro de onde pode para cobrir o déficit mensal. Só que se tornou impossível manter toda gama de serviços - explicou Prestes.
Na sequência, o diretor do Simers e os assessores estiveram na Câmara de Vereadores, onde se encontraram com o presidente do Legislativo, vereador Antonio de Oliveira, com os vereadores Gilcéia Losekann, Jonathan Jahn e Carlos Alberto Baggio e com a secretária da Câmara, Jaci Taborda. Willian Adami indagou-os sobre a reprovação do projeto de lei que destinaria mais R$ 200 mil ao HSVP e sobre as alternativas para evitar o fechamento da Emergência.
Oliveira reforçou que os vereadores não querem o fechamento do serviço, mas que este está deficitário.
- O atendimento deixa a desejar. E isto é uma preocupação de todos nós. Inclusive já pedimos como contrapartida um serviço de qualidade, o que não aconteceu. E sobre os recursos, estes foram aumentados neste ano e pagos em seis meses para dar um ‘fôlego’ ao hospital. Mas a entidade voltou a pedir recursos, sendo que estes R$ 200 mil não resolveriam todo o problema. Por isso reprovamos o projeto e ficamos de voltar a conversar. Mas antes de nos reunirmos com o hospital, fomos surpreendidos com a nota do fechamento da emergência - argumentou Oliveira.
E a última reunião do dia ocorreu com o corpo clínico do Hospital São Vicente de Paulo. Com a presença de 13 médicos, Dr. Willian ouviu as demandas e fez um compilado do que foi tratado durante o dia.
- A emergência do HSVP é deficitária, e isso é um cenário nacional. Cabe à instituição cobrir este déficit do SUS - afirmou.
Os profissionais disseram que consideram a melhor solução a que for mais rápida, ou seja, um TAC. Conforme os médicos, é o hospital que precisa resolver este problema com os municípios e lhes apresentar uma proposta. Ao final da reunião, os médicos solicitaram ao Simers a intermediação para a realização de uma reunião com todas as partes envolvidas, a fim de buscar uma solução rápida diante do impasse.
Atualmente, 11 médicos atuam na escala da Urgência/Emergência do HSVP, sendo que o serviço é referência para Três de Maio e mais cinco municípios: Independência, Alegria, São José do Inhacorá e Nova Candelária.