O preço do leite pago ao produtor do Rio Grande do Sul deve chegar a R$ 1,04 em julho, valor 6,43% menor ante junho, que ficou em R$ 1,10. Dados do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite) mostram que, nos últimos três meses, o valor caiu 11%.
Para o presidente do Conseleite e do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Alexandre Guerra, o cenário reflete o aumento tradicional da produção nos meses de inverno no estado gaúcho e a redução do mercado decorrente da crise.
Conforme o professor da Universidade de Passo Fundo (UPF) e responsável pela pesquisa do Conseleite, Marco Antônio Montoya, o leite em pó, produto que afeta diretamente no valor de referência, vem caindo nos últimos cinco meses de forma constante.
Além do consumo de leite e derivados, Montoya indicou que também há redução na demanda de outros itens tradicionais na mesa do brasileiro e que levam leite em sua composição, como pizzas e chocolates.
Para enfrentar a situação, produtores, indústrias e lideranças lotaram a sala de reuniões da Fecoagro em Porto Alegre (RS) ontem e decidiram dar início a um movimento emergencial por ferramentas que auxiliem o setor a achar seu ponto de equilíbrio. Entre as ações, explica o vice-presidente do Conseleite e representante da Fetag, Pedrinho Signori, está o pedido ao governo de compras governamentais, o que, segundo ele, está em negociação avançada para as primeiras 30 mil toneladas.
O setor também pleitea programas de escoamento de produção para retirar parte do leite do mercado gaúcho, o que poderia ser feito por meio do chamado Prêmio para o Escoamento de Produto (PEP).
No campo, a queda de preços já foi sentida pelos produtores de leite gaúchos, e a produção, que tradicionalmente aumentaria mais de 10% nessa época do ano, não passou de 5%.