O Sicoob deverá ter R$ 14,4 bilhões em recursos com equalização no Plano Safra 2025/26, de acordo com o diretor Comercial, Francisco Reposse Júnior. O valor representa acréscimo de 52% em relação aos R$ 9,5 bilhões operacionalizados com subvenção do Tesouro Nacional no ciclo encerrado na segunda-feira (30/06). Ao todo, a cooperativa estima emprestar R$ 60 bilhões até junho do próximo ano.
Apesar da alta nas taxas de juros do crédito rural no Plano Safra 25/26, o Sicoob vê espaço para crescer no financiamento a uma agropecuária “resiliente”, mas ressalta que o cenário torna a concessão mais seletiva. A cooperativa financeira aposta na proximidade com os cooperados para orientar essa tomada de recursos de forma mais assertiva.
Por outro lado, o Sicoob projeta uma mudança de rota no caso de investimentos que não forem extremamente necessários na temporada, com possível adiamento na tomada desses recursos. O mercado mais firme em termos de preços das commodities pode ajudar na demanda por crédito nesta safra, apontam dirigentes da instituição.
“Independentemente da taxa, o agro vai”, resumiu Francisco Reposse Júnior, diretor Comercial do Sicoob, em coletiva de imprensa na quarta-feira (02/07). Mesmo assim, ele concordou que, com os juros mais altos, o crédito rural fica mais seletivo. “Alguns investimentos precisam ser mais bem calculados, pois o projetado pode não se configurar, pode haver alguma frustração de safra ou mudança de preços”, completou.
O cenário, disse ele, torna mais desafiador “carregar” juros de dois dígitos para operações de investimentos por um período de, no mínimo, cinco ou seis anos. “Vemos cada vez mais resiliência no agro brasileiro em diversas frentes. A taxa sobe, desce, o Plano Safra aumenta, o governo às vezes tem mais ou menos folga, e nós continuamos atendendo cada vez mais o produtor”, completou.
“O crédito é a mola propulsora desse negócio todo. Sem crédito fica muito complicado. O dinheiro mais caro é aquele que não existe. O mais difícil e mais complexo é quando não tem recurso. Ter a disponibilidade é importante”, afirmou Reposse Júnior.
Luciano Ribeiro, superintendente Comercial de Agronegócios do Sicoob, disse que a elevação das taxas nas linhas do Plano Safra espreme a margem dos produtores e pressiona o fluxo de caixa, com restrição no resultado da atividade no campo. O patamar de juros em dois dígitos também gera “outras bases” para o crédito livre e tem reflexo no mercado em geral, até mesmo em termos de trocas da produção por insumos.
Por outro lado, ele ressaltou que o mercado se ajusta para respeitar o aumento do custo do dinheiro. “Reparamos isso nas feiras, na compra de máquinas e insumos, há descontos. O setor reage sensibilizando margens da porteira para frente”, pontuou. “Há uma busca por equacionar o funding necessário para ser assertivo na condução da safra”, completou Ribeiro.
A avaliação do Sicoob é que o mercado agropecuário está firme, com oscilações curtas nos preços da pecuária e dos grãos, o que torna menos nebuloso o planejamento da safra. Mesmo assim, reforçou Ribeiro, a decisão sobre os financiamentos fica mais sensibilizada.
“O investimento às vezes reflete em custo de produção direto. Quando os juros estão em dois dígitos, para operação de cinco ou seis anos, é preciso refletir se é o momento, se tem necessidade”, explicou.
“A taxa alta é inibidor de apetite. A expectativa de crescimento em relação à demanda vai depender muito do mercado, se vai continuar firme”, completou Reposse Júnior. O diretor acrescentou que é preciso calcular o retorno do crédito para a tomada de decisão sobre um novo investimento nessas condições. “Às vezes a taxa cabe”, concluiu.
As informações são do site Glbo Rural.