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com PAULO MARQUES - Jornalista Reg. Prof. MTE-16408

Agricultura

Preço de terras agrícolas mais que dobra em cinco anos

Preço de terras agrícolas mais que dobra em cinco anos
Foto: Wenderson Araújo/Confederação Nacional da Agricultura via Agência Brasil
  • 14/01/2025 - 17:06
  • Atualizado 14/01/2025 - 17:07

Um estudo da Scot Consultoria , que analisa o mercado de terras nos 17 estados mais relevantes na produção de grãos e gado de corte, mostra que, em cinco anos, os preços das áreas para agricultura no Brasil subiram 113%, com o valor médio do hectare passando de R$ 14.818,10, em julho de 2019, para R$ 31.609,87 no mesmo mês de 2024. No caso das terras destinadas a pastagens, a alta foi ainda maior, de 116% — passando de R$ 8.267,14 em 2019 para R$ 17.886,94.

Isso fez da compra de terras um dos investimentos mais rentáveis dos últimos cinco anos. Levantamento realizado pelo Valor Data mostra que, no mesmo período, o Ibovespa teve valorização de 25,89%. A poupança, nesses cinco anos, rendeu 28,66%; o dólar comercial, 47,27%; e o CDI, 48,79%. No período, o IPCA foi de 33,63%. Já a Nota do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) com vencimento em 2029, rendeu 60,29% e bateu a valorização das terras agrícolas em dois Estados pesquisados: Santa Catarina (52,9%) e Pernambuco (54,8%).

“Terra só valoriza. Dificilmente tem um ano em que a terra não acompanha pelo menos a inflação”, afirma Felipe Fabbri, analista de mercado da Scot Consultoria. “Claro que muito vai depender do resultado, da produtividade da área, das cotações das commodities, mas dificilmente uma área rural não vai valorizar mais do que muitos títulos de renda fixa ligados à Selic ou o IPCA”, avalia.

“Não tem o que valorize mais do que terra ao longo do tempo”, reforça Daniel Meireles, diretor da Acres, braço do Grupo Safras & Cifras que trabalha com estruturação de negócios de ativos rurais. Segundo ele, as terras agrícolas no Brasil tiveram valorização de 15% a 20% ao ano entre 2017 e 2022.

Segundo o estudo da Scot, entre 2019 e 2024 os preços médios (em valores nominais) das propriedades voltadas para agricultura mais que dobraram em 11 deles. As maiores altas ocorrem em regiões de fronteira agrícola, onde ainda é possível encontrar terras mais baratas do que em Estados com uma produção mais consolidada.

A maior alta, por exemplo, ocorreu em Rondônia, onde a valorização das terras agrícolas no período foi de quase 300%, enquanto o preço das pastagens subiu 286%. Maranhão e Piauí, que ficam no Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) também tiveram valorização acima de 200%. Mesmo no Paraná, onde são encontradas as áreas para agricultura mais caras do Brasil, a alta também foi expressiva no período, e alcançou 107%.

Segundo analistas, a queda das commodities agrícolas em 2024 e a redução de safra de grãos trouxeram mais cautela ao mercado de terras, reduzindo o número de negociações no ano passado. Em 2025, os preços das terras no Brasil devem continuar se valorizando, porém, a expectativa é que o ritmo seja mais moderado em comparação com os picos dos anos anteriores.

As informações são da revista Globo Rural.