A Farsul realizou, na segunda-feira (16/12), na sede da entidade em Porto Alegre, coletiva de imprensa na qual apresentou o balanço do ano de 2024 e as perspectivas do setor para 2025.
O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, iniciou a apresentação destacando a dificuldade climática enfrentada pelo Estado, que além da enchente de 2024, também sofreu com duas secas nos anos anteriores. Gedeão destacou os esforços feitos na área de irrigação e licenciamento ambiental para amenizar o impacto das secas, e os esforços feitos pela Farsul em negociar melhores condições para os produtores afetados pelo excesso de chuvas em maio. "Nós sempre fomos firmes nas negociações com o governo estadual, apresentando propostas contra o aumento de qualquer carga tributária", declarou.
"Também tivemos uma queda de braço forte com o governo federal, que não estava entendendo o que aconteceu no estado", disse Gedeão sobre a tentativa de importação e leilão do arroz logo após a enchente.
O presidente, que destacou que a principal dúvida dos veículos de comunicação durante o momento inicial da enchente era com a segurança alimentar, já que o Rio Grande do Sul responde por 60% a 70% do fornecimento de arroz no Brasil.
Já o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, lembrou que os impactos das estiagens que afetaram o agronegócio gaúcho desde 2019 foram tão graves que nem mesmo as enchentes de abril e maio, que geraram destruições em várias regiões rurais do Rio Grande do Sul, impactaram tanto a produção. Luz destacou que, mesmo com uma queda de 2,7% na área colhida em 2024, redução causada diretamente pelas chuvas excessivas, a produção total teve um aumento de 30%, devido à recuperação sobre a forte quebra de safra gerada pela seca em 2022/23.
"Faz três anos que não temos uma safra direito. É nosso entendimento que, tecnicamente, traríamos dados prejudicados", afirmou Luz.
O economista lembrou que os impactos econômicos das estiagens, que geraram um forte endividamento dos agricultores gaúchos, foram piorados neste ano pelas perdas das enchentes. Com isso, a Farsul coloca em dúvida o quanto os produtores do Estado investiram em suas lavouras.
"Nós sabemos que a área foi plantada, mas não podemos aferir qual a condição dessa área, com qual nível tecnológico isso foi feito", afirma Luz. Em seu último relatório, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o Rio Grande do Sul vai plantar 10,486 milhões de hectares nesta safra, um leve crescimento de 0,7% em relação ao ciclo 2023/24.