O painel “Monitora Ferrugem RS - inteligência e estratégias para a defesa fitossanitária na sojicultura” foi apresentado nesta terça-feira (27/08) no estande do Governo do Estado no Pavilhão Internacional da 47ª Expointer. Os trabalhos foram conduzidos pelo diretor do Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDV/Seapi), Ricardo Felicetti.
A bióloga, doutora em Fitotecnia e pesquisadora do Laboratório de Fitopatologia do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi), Andréia Mara Rotta de Oliveira, falou sobre as bases do manejo da ferrugem asiática. Ela mostrou os sintomas da doença e as principais estratégias de controle.
A ferrugem asiática da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que também afeta outros hospedeiros, e é de difícil controle.
A pesquisadora explica que hoje as principais medidas de controle que existem são:
o vazio sanitário da soja
respeitar o calendário de semeadura
o uso do controle químico, com fungicidas sítios específicos ou multissítios (produtos que agem em mais de um sítio de ação nos fungos)
o monitoramento da doença na lavoura, usando sistemas de previsão de aviso de doenças, como o programa Monitora Ferrugem.
“Esse monitoramento, que detecta a presença do patógeno na lavoura, é realizado justamente para auxiliar os produtores na aplicação de fungicidas”, destaca. Outra estratégia apontada pela bióloga é o uso de cultivares resistentes. “Não existem cultivares imunes à doença, mas existem algumas com genes de resistência que vão contribuir para diminuir a severidade da doença no campo. Por isso é importante o produtor estar atento na escolha da cultivar que vai utilizar”, recomendou Andréia.
A ferrugem asiática é altamente dependente das condições climáticas para se desenvolver. “As temperaturas ótimas para o seu desenvolvimento variam de 15°C a 29°C, e o molhamento foliar de, no mínimo, seis horas, promovido por orvalho, chuva ou irrigação, sob condições ótimas de temperatura, favorece o rápido desenvolvimento da doença. Por isso, a importância do monitoramento. Tendo condições climáticas favoráveis e o fungo estando presente no campo, a doença facilmente se desenvolve”, advertiu a pesquisadora.
Por sua vez, o doutor em Engenharia Agrícola, que atua no Núcleo de Desenvolvimento Agropecuário da Emater/RS-Ascar, Elder Dal Prá, abordou o conceito do Programa Monitora Ferrugem RS e a inserção dessa ação dentro do triângulo da doença, que envolve o patógeno (os esporos), o hospedeiro (a cultura da soja) e as condições climáticas, principalmente as massas de ar no transporte dos esporos para o Rio Grande do Sul. Falou ainda sobre a aplicabilidade das informações que o programa disponibiliza aos agricultores, de como eles usam essas informações pra os seus manejos.
Dal Prá contou que semanalmente equipes da Seapi realizam a troca de lâminas no campo. “Essas lâminas são encaminhadas para laboratórios e, a partir daí, temos o resultado do número de esporos em cada um dos coletores em cada município. Depois geramos um mapa com a distribuição espacial desses esporos no Rio Grande do Sul. Na última safra foram instalados 73 coletores em 73 municípios”, explicou Dal Prá. E segundo ele, na safra 2022/2023, os esporos começaram a ser detectados na região Noroeste do Estado e, depois, em outras regiões. Veja aqui.
De acordo com Dal Prá, o que ocorreu de diferente é que na safra passada, em função das características climáticas do inverno favoráveis e da presença de muita soja voluntária (grãos perdidos durante a colheita que nascem depois), a detecção dos esporos da ferrugem ocorreu em diversos locais logo no início da safra. “Em locais nos quais que normalmente demorava mais para serem encontrados. Isso acabou acarretando também a presença antecipada de esporos no Rio Grande do Sul e começamos a ter a doença mais cedo”, esclareceu.
Sobre o Programa Monitora Ferrugem RS
Com a finalidade de auxiliar os produtores no manejo da ferrugem asiática da soja no Rio Grande do Sul, na safra agrícola 2019/2020, a Seapi e a Emater/RS-Ascar, em colaboração com laboratórios privados, instituições de ensino e pesquisa do Estado, iniciaram um projeto-piloto para o monitoramento de esporos de ferrugem asiática da soja nas regiões produtoras.
Na safra agrícola 2020/2021, essa ferramenta se aprimorou com a inclusão de informações relativas às condições meteorológicas (precipitação pluvial, temperatura e molhamento foliar), dando início ao Programa de Monitoramento da Ferrugem Asiática da Soja no RS (Programa Monitora Ferrugem RS).
Por Darlene Silveira/Assessoria de Imprensa da Expointer
Postado por Alexandre de Souza - Rádio Colonial