Ao chegar em Tel Aviv, capital de Israel, na última sexta-feira (6), a produtora rural Ana Carolina Zanatta, de Passo Fundo, não esperava que no dia seguinte se encontraria em um país em guerra. Curiosos para conhecer as praias, pontos turísticos e a cidade de Jerusalém, ela e mais dois amigos viajaram a passeio para a cidade. Agora, só podem circular pelo hotel e no bairro em que estão hospedados.
— No sábado, acordamos por volta das 6h30min com as sirenes tocando. Sem entender o que estava acontecendo, fomos para a mídia e aí entendemos que Israel tinha sido invadido pelo Hamas. Corremos para o bunker e de lá ouvimos três ou quatro explosões — relata Ana Carolina.
Israel declarou guerra contra o grupo Hamas no sábado (7), depois que o país foi alvo de um bombardeio surpresa. Desde então, o número de mortos passa de 1,3 mil, sendo 800 no território israelense e 500 na Faixa de Gaza. O conflito envolve a disputa territorial e religiosa entre judeus e palestinos.
Ana Carolina conta que a hospedagem tem um quarto bunker blindado, assim como em outras áreas residenciais e espaços públicos. Na capital, a cerca de 80 quilômetros do epicentro do conflito, a população tem um minuto e meio para buscar um local seguro a partir do soar do alarme.
— Está tudo fechado aqui, a orientação é sair só para comprar comida nos mercadinhos disponíveis nos bairros. Hoje durante o dia ouvimos os bombardeios, mas as sirenes não tocaram porque são ataques de Israel contra Gaza. É um momento de tristeza e de sensibilidade — pontua Ana.
Apreensão
O grupo já estava com passagens compradas para a Jordânia, país vizinho a Israel, na quarta-feira (11). Porém, com a eclosão do conflito, estão apreensivos com a possibilidade de não conseguir embarcar, uma vez que muitos voos têm sido cancelados pelas companhias aéreas.
— Tudo foi uma grande surpresa, o sábado foi bem complicado, agora estamos mais tranquilos, mas ainda apreensivos com o nosso voo — disse.
Questionada sobre se haveria intenção de retornar ao Brasil com a missão de repatriação lançada pelo governo federal, que desloca nesta segunda-feira (9) dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para resgatar brasileiros em Israel, Ana se disse decepcionada com o consulado responsável.
— Preenchemos um formulário com nome, passaporte, se estamos acompanhados, com crianças... Esse formulário foi enviado para a embaixada mas até agora não recebemos nada de informação. Não tivemos orientações, o que conseguimos de informação foi com outros passo-fundenses que moram aqui, que nos auxiliaram — acrescenta.
Em nota divulgada nesta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota em que afirma que, até o momento, a Embaixada em Tel Aviv colheu, por meio de formulário online, os dados de cerca de 1,7 mil brasileiros com interesse na repatriação, a maioria turistas hospedados em Tel Aviv e Jerusalém.
— Os candidatos à repatriação serão acomodados em listas de prioridade. Em um primeiro momento, deverão ser priorizados os residentes no Brasil sem passagem aérea — consta no comunicado.
Postado por Paulo Marques