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Agricultura

Fetag anuncia fechamento da fronteira com o Uruguai para barrar leite importado

Fetag anuncia fechamento da fronteira com o Uruguai para barrar leite importado
Hoana Talita Gehlen/Fetag-RS/Divulgação
  • 19/09/2023 - 20:08
  • Atualizado 19/09/2023 - 20:15

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) chegou ao limite da paciência a espera de uma medida concreta do governo federal para socorrer os produtores de leite prejudicados pela concorrência desleal praticada por Uruguai e Argentina. 

Conforme a entidade, há meses os governos estadual e federal estão sendo alertados sobre os graves problemas sociais e econômicos causados pela importação desenfreada de produtos vindos do Mercosu. Além do leite, estão entrando no Brasil também alho, vinhos, trigo e carne.

A Fetag reclama que após várias reuniões com ministros, secretários, lideranças políticas e até mesmo com o vice-presidente da república Geraldo Alckmin, pouco ou nada foi feito em favor dos produtores de leite, que estão vendo os preços pagos pelo litro caírem a cada dia.

Após realizar uma mobilização em Porto Xavier, na fronteira com a Argentina,  Fetag organiza um protesto que deverá interromper a ponte internacional de Jaguarão, na fronteira do Brasil com o Uruguai. A decisão foi tomada após reunião da Comissão Estadual do Leite e dos coordenadores regionais da entidade, realizada segunda-feira (18/09), em Porto Alegre.

Conforme o vice-presidente da Fetag-RS, Eugenio Zanetti, o protesto será realizado no próximo dia 27, e pode se esender para o dia seguinte. “O produtor não aguenta mais esperar e o governo federal fez muito pouco até agora para salvar o produtor de leite do Brasil. Se eles não barram o produto do Mecosul, o produtor vai barrar”, afirma. 

A entidade faz contato com federações de trabalhadores na agricultura de outros estados com o objetivo de que a mobilização também ocorra em outros postos de fronteira, especialmente em Santa Catarina e no Paraná. “Tive acesso a uma nota de produtor que recebeu R$ 1,04 pelo litro de leite, valor menor que de um litro de água”, lamenta Zanetti.

O objetivo é pressionar o governo no sentido de revisar as regras do Mercosul e a implantação de políticas de subsídios governamentais para os produtores (a exemplo do que já ocorre na Argentina), além da prorrogação de dívidas dos produtores de leite.

Para o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, a mobilização é a única saída encontrada, já que não se pode mais ficar marcando reuniões que não apresentam resultados práticos. "Infelizmente, produtores terão que deixar suas propriedades novamente para fechar a fronteira como forma de pressão”, lamenta.