A difícil situação enfrentada pelos produtores de leite preocupa também as indústrias. Conforme o Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS), o aumento desenfreado das importações de leite e derivados de países do Mercosul, cujos custos de produção são menores que os verificados no Brasil, coloca em risco toda a cadeia produtiva.
“Não existe produtor sem indústria. E não existe indústria sem produtor. Somos parte do mesmo elo da cadeia. Precisamos encontrar um caminho para desafogar o produtor e salvar a atividade. O produtor gaúcho e brasileiro enfrenta uma concorrência desleal”, disse o vice-presidente do Sindilat, Alexandre Guerra.
As indústrias reforçam a reinvindicação por ações governamentais para proteger os produtores que ainda seguem na atividade. Conforme o Sindilat, restam pouco mais de 30 mil famílias no Rio Grande do Sul ligadas à bovinocultura de leite - de acordo com a Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul, eram 100 mil há 10 anos.
“Encaminhamos à União pedidos de atenção ao setor, como prêmios de escoamento da produção (PEP), aquisições pelo governo federal ou a retenção das importações, por exemplo. Do jeito que está, ficará uma cicatriz muito grande no setor, mais gente ainda vai sair da atividade. Existe uma questão econômica e social muito forte nesse tema”, advertiu o secretário-executivo, Darlan Palharini.
Segundo ele, produtores argentinos e uruguaios têm vantagens, como subsídios governamentais, refinanciamentos de dívidas com longo prazo para pagamento e carência, além de outras vantagens.
As indústrias anteveem a possibilidade de o Brasil, nesse ritmo, se tornar um grande importador de lácteos, perdendo força na produção interna e ficando refém de oferta e preços internacionais.
“É uma questão de segurança alimentar. As indústrias também são afetadas por esse problema. Por isso levamos o assunto também ao BNDES, em diálogo a respeito de toda a cadeia de proteína animal. Esperamos que haja sensibilidade por parte do governo”, completou o diretor-tesoureiro do Sindilat , Ângelo Paulo Sartor.
Com informações do Jornal do Comércio.