Ouça agora

STUDIO 94

com JONATAN MAGUILA

Agricultura

Apicultor de Alegria alerta para novas mortandades de abelhas

Apicultor de Alegria alerta para novas mortandades de abelhas
Luana Mallmann
  • 30/08/2020 - 13:27

O Rio Grande do Sul é maior produtor nacional de mel. São 37 mil propriedades rurais que têm sua fonte de renda na produção do alimento. Nelas, existem aproximadamente 490 mil colmeias de abelha. Cada colmeia tem valor estimado de R$ 800.

Porém, nas últimas semanas, os produtores têm relatado novas mortandades desses animais. Segundo a Secretaria de Agricultura do estado, pelo menos 400 caixas, cada uma contendo até 100 mil abelhas, já foram perdidas este ano.

O apicultor Lauro Müller de Espírito Santo, Alegria, perdeu 15 colmeias na semana passada. Para fazer um alerta sobre o problema que vem ocorrendo nos últimos anos o produtor compareceu aos estúdios da Rádio Colonial FM 94,7 na manhã de sexta-feira, dia 27 de agosto.

Müller, que se dedica à atividade há quarenta anos, suspeita de envenenamento por produtos químicos.

- Pelos sintomas das abelhas, que são desorientação, em que a abelha cai, não consegue voltar para a sua colmeia, é muito provável que a causa seja o agrotóxico – explica o produtor.

Ele conta que outros apicultores também perderam colmeias na divisa dos municípios de Alegria e São José do Inhacorá. A Patrulha Ambiental da Brigada Militar e a Fepam estiveram no local e coletaram amostras dos insetos, que estão sendo analisados para comprovar a causa das mortes.

Lauro Mûller, que é professor aposentado, ensina que as abelhas são agentes polinizadores e são responsáveis por cerca de 75% da polinização de todas as espécies de plantas, e esse processo é fundamental para a manutenção da fauna e flora. Segundo ele, os próprios produtores de soja têm a perder caso as abelhas sejam dizimadas na sua totalidade, pois a produtividade da oleaginosa também depende, em parte, dos insetos.

No último mês, o governo do estado, em parceria com o Ministério Público, iniciou a instalação de 20 estações meteorológicas em todas as regiões do estado para monitorar o uso dos produtos químicos nas lavouras.

O promotor de justiça do meio ambiente, Alexandre Saltz, diz que o projeto desenvolvido com as universidades PUC-RS e UFRGS resultará na implementação de um sistema integrado, que vai permitir o monitoramento de abelhas em tempo real.

- A partir disso, nós poderemos identificar eventuais mortandades e atuar imediatamente para apurar as causas respectivas - explica Saltz.

Fonte: Redação