Subiu de 21 para 27 o número de casos suspeitos de coronavírus no Rio Grande do Sul, divulgou o Ministério da Saúde nesta sexta-feira (28). É o segundo Estado com mais possíveis casos da doença, atrás somente de São Paulo. No Brasil, as suspeitas subiram de 129 para 182.
Há ainda apenas um caso confirmado de coronavírus no país, do homem de 61 anos de São Paulo que voltou da Itália. Nos últimos dias, muitas suspeitas foram descartadas porque os indivíduos tinham o vírus da gripe comum. Não há suspeitas no norte do Brasil.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), as suspeitas gaúchas são em nove cidades, duas a mais do que antes: Porto Alegre (14), Canoas (3), Caxias do Sul (2), Cidreira (2), Farroupilha (2), Montenegro (1), Palmares do Sul (1), Passo Fundo (1) e Santa Maria (1). Apenas uma pessoa está hospitalizada, mas não é caso grave: um homem está no Hospital Militar de Santa Maria.
— Os gaúchos já encontraram a solução: cada um com sua cuia, sem compartilhar o chimarrão — afirmou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, que é gaúcho e foi secretário de Saúde do Rio Grande do Sul.
A multiplicação do número de brasileiros suspeitos de estar com coronavírus não deve ser tomada como um indicativo de proliferação do vírus no país, afirmam especialistas. Esse crescimento é atribuído a fatores como a mudança no critério para colocar uma pessoa sob suspeita e o aumento da preocupação dos brasileiros que viajaram a locais atingidos pela epidemia.
Há uma tendência de estabilização de casos na China, mas de aumento no resto do mundo, sobretudo na Coreia do Sul e na Itália, disse o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira. Ele destacou que o Brasil não vive uma epidemia de coronavírus e que o álcool gel ideal para usar é o do tipo 70%.
— Quem viveu o H1N1 viu que foi uma condição muito mais crítica. Vivemos uma situação em que precisamos identificar e dosar o quanto precisamos dar ou não importância para o coronavírus. Não podemos desmerecer essa epidemia porque não sabemos o comportamento dela em nosso território. Quando pudermos dizer que ela é como uma gripe normal, ela entrará em nosso monitoramento normal — afirmou Wanderson.
A médica Socorro Gross, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, pontuou que o grupo mais vulnerável é a população idosa.
— Nesta epidemia, temos uma população notadamente adulta. O risco é maior com a idade. Os sintomas são mais fortes se há imunidade deprimida e piora com a idade — declarou Socorro.
Governo vai utilizar tecnologia para informar
Nas próximas 48 horas, o governo federal enviará mensagens ao celular de viajantes que desembarcarem em aeroportos internacionais, incluindo o Salgado Filho, em Porto Alegre, para chamar atenção sobre o coronavírus. A ideia é que o texto seja curto e lembre que, se o indivíduo esteve em país com transmissão ativa e comece a sentir sintomas da doença, é preciso ir a um posto de saúde.
Outra ação é lançar um aplicativo para celular com informações sobre coronavírus e postos de saúde mais próximos. Será possível inserir informações para ajudar o usuário a descartar ou não uma chance de ter coronavírus. O app, chamado de Coronavírus-SUS, ainda não está pronto.
Sequenciamento genético e vacina
O Brasil já realizou o sequenciamento genético do primeiro caso de coronavírus no país. O trabalho foi feito pelo Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo. A informação está no site da instituição.
O Ministério da Saúde oferecerá 75 milhões de doses da vacina trivalente contra a gripe (dois subtipos A e um subtipo B) e 2,5 milhões contra a gripe H1N1 na campanha de vacinação que começa no fim de março. A imunização não protege contra o coronavírus, e sim contra o influenza, mas a ideia é desafogar os serviços de saúde, uma vez que muitas pessoas buscam postos de saúde com a gripe por achar que têm coronavírus.
Outra medida é abrir uma licitação para comprar 24 milhões de máscaras e 12 milhões de aventais, anunciou Gabbardo. O investimento será cerca de R$ 140 milhões.
O governo federal irá mudar o encaminhamento de casos suspeitos. Agora, os governos estaduais irão analisar os casos e encaminharão as informações para o governo federal. O objetivo é reduzir o tamanho de ocorrências descartadas e enviar dados mais refinados.
Um caso é suspeito quando o indivíduo tem sintomas para coronavírus (febre e problemas respiratórios) e voltou de viagem nos últimos 14 dias para um desses 16 países: Alemanha, Austrália, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, França, Irã, Itália, Malásia, Camboja, China, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Japão, Singapura, Tailândia e Vietnã. Pode ser também quem tem sintomas e, necessariamente, entrou em contato com um caso confirmado ou suspeito da doença.
Combate a boatos
O Ministério da Saúde já recebeu, desde o surgimento do coronavírus, 6,5 mil mensagens no número de WhatsApp da pasta de combate a boatos. Segundo Gabbardo, cerca de 90% eram relacionadas ao coronavírus, das quais 85% eram boatos. Os boatos costumam desinformar sobre o uso de vitaminas e chás caseiros para combater coronavírus ou teorias de conspiração.
Em entrevista nesta sexta-feira (28) ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Gabbardo informou que a oferta de testes para coronavírus com resultado em 24 horas no Rio Grande do Sul será realidade até o inverno. Hoje, o tempo de espera pelo diagnóstico no Estado é de até três dias.
O governo federal planeja que o Hospital de Clínicas de Porto Alegre se torne a referência em todo o Rio Grande do Sul para tratar coronavírus. Na prática, isso significa que pacientes que precisem ser internados seriam enviados para a instituição. No momento, as referências são o Hospital Conceição, na zona norte de Porto Alegre, e o Hospital Universitário de Canoas.
Postado por Paulo Marques