A reunião entre integrantes da cadeia produtiva do leite realizada nesta quarta-feira (08/5), no auditório do Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (UPF), para discutir as Instruções Normativas 76 e 77 do Ministério da Agricultura (Mapa), inaugurou uma nova etapa na produção e na industrialização de leite na região Norte do Estado. O evento reuniu cerca de 200 pessoas, que ouviram as explicações dos técnicos e especialistas sobre o tema e puderam sanar suas dúvidas sobre a operacionalização das obrigações que passam a vigorar a partir do próximo dia 30 de maio.
De acordo com o secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, as novas regras, que visam a qualificação do leite ao consumidor, tornarão o produto gaúcho mais competitivo e dividirão as responsabilidades do processo produtivo e industrial não só entre o campo e a plataforma, mas, também entre as entidades representativas do setor e o Poder Público. “Essas INs têm toda a inteligência de mudar o foco da discussão e fortalecer a cadeia produtiva, além de exigir que cada um faça sua parte na busca por um novo padrão de produto ao mercado.”, enfatizou. Afinal, citou, há carências também na estrutura dos municípios e do Estado, como energia elétrica e estradas.
A médica veterinária do Ministério da Agricultura Milene Cé explicou que as mudanças mais significativas ocorrerão com relação à contagem de bactérias totais do leite, o que impactará no uso de equipamentos para refrigeração do leite cru tanto na propriedade, quanto na indústria. Entretanto, lembrou que o processo de adequação será gradativo. “Existe uma flexibilidade para que todos cheguem à temperatura de acondicionamento de 7 graus. As indústrias irão ajustando as rotas e incluindo novas etapas, e o Ministério da Agricultura trabalhará com elas para que este processo aconteça”, informou.
O médico veterinário do Mapa Roberto Lucena ressaltou que um grande ganho trazido pelo novas normas será a proximidade entre o campo e as indústrias, que assumirão o protagonismo no controle da qualidade do produto por meio da assistência técnica, da mesma forma que já ocorre no Programa Mais Leite Saudável. Para a indústria, Lucena disse que o programa busca a qualidade do leite, o aumento da quantidade e a fidelização do produtor. Para o produtor, a rentabilidade e a sustentabilidade. “E, para o Brasil, um produto mais competitivo, mais seguro e a sustentabilidade da cadeia de leite”. Assim como Milene, Lucena salientou que os técnicos do ministério fiscalizarão todo o processo de mudança, seja por meio de auditorias presenciais e documentais.
O encontro contou também com depoimentos do diretor do Laticínio Domilac, Rodrigo Puhl, e da produtora Marinês Trevisan, que revelou a realidade das dificuldades enfrentadas no dia a dia do campo. “Produzir leite não é para qualquer um, não importa o tamanho”, frisou ela. A agenda em Passo Fundo terminou com uma grande mesa de debates entre os participantes e os produtores, que puderam também contribuir via WhatsApp e pelo Facebook do Sindilat. A programação ainda contou com o professor da UPF e coordenador do Serviço de Análise de Rebanhos Leiteiros (SARLE), Carlos Bondan, e com a médica veterinária da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul (SEAPDR), Karla Pivato.
A reunião é uma promoção da Superintendência Federal do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul (Mapa/RS), da SEAPDR, do Sindilat e das seguintes entidades: Apil, Famurs, Sistema Farsul, Fetag, Sistema Ocergs, Emater, Embrapa, Conseleite, Gadolando, Associação dos Criadores de Jersey, Fecoagro, Simvet e CRMV/RS.