Inicialmente tratada como uma doença rural, a leishmaniose visceral tem se expandido para as áreas urbanas, conforme o Ministério da Saúde. É o que vem acontecendo, por exemplo, em Porto Alegre, onde três pessoas diagnosticadas com a doença morreram neste ano. A doença vem ganhando a atenção das autoridades, pois os casos estão aumentando a cada ano no Brasil, assim como a taxa de mortalidade de cães e humanos.
A veterinária Amanda Luíza Gauger explica que a leishmaniose é causada por um protozoário, transmitido ao homem pela picada de fêmeas do mosquito-palha. A doença não é transmitida de uma pessoa para outra, nem dos cães para os humanos. Algumas pessoas, no entanto, acreditam que os cães podem transmitir a doença diretamente para os humanos, mas isso é um mito. Mordidas, lambidas e contato físico não passam leishmaniose.
Amanda explica que os cães podem apresentar a doença de forma assintomática. Os donos devem ficar de olho nos seguintes sintomas: emagrecimento (mesmo quando se alimentam bem), problemas dermatológicos que não cedem aos tratamentos, debilidade e crescimento exagerado das unhas.
Quando diagnosticado com leishmaniose, o animal ainda passa por um exame de confirmação da doença feito pelo Laboratório Central do Estado (Lacen). A veterinária conta que, até recentemente, a eutanásia era indicada para os cães acometidos pela doença. Mas agora os Ministério da Agricultura e da Saúde aprovaram a comercialização no Brasil de um medicamento para tratamento da Leishmaniose Visceral Canina (não pode usar em humanos): o Milteforan, já disponível no mercado.
Porém, apesar de reduzir a quantidade de parasitas e o cão deixar de ser transmissor da doença, a leishmania permanecerá em seu organismo. Por esse motivo é muito importante o acompanhamento do animal durante o resto da vida. “Não vamos conseguir a cura por completo e dependendo do estágio da doença a gente precisará conversar com o dono sobre a possibilidade da eutanásia nos casos em que não houver reação positiva ao tratamento”, explica Amanda.
Segundo a profissional, a prevenção passa pelo uso de coleiras inseticidas e vacinação dos animais. Pátios com restos de frutas e folhas é o ambiente ideal para a reprodução do transmissor.