A falta de acesso asfáltico foi apontada pelos prefeitos do noroeste do Rio Grande do Sul como o problema que coloca em risco o desenvolvimento da região. O tema foi destaque nas manifestações dos gestores municipais que participaram da reunião do projeto RS 2030. O segundo encontro do novo ciclo de debates foi realizado, na terça-feira (07/03), em Três de Maio. Estiveram presentes representantes das Associações dos Municípios da Região Celeiro, das Missões e da Grande Santa Rosa. O evento contou com a participação de 82 pessoas, entre prefeitos, vice-prefeitos, secretários municipais e líderes locais.
O presidente da Famurs, Luciano Pinto, lembrou que existem similaridades entre os desafios das cidades gaúchas. “Os municípios enfrentam problemas semelhantes. É preciso unir forças para superar as dificuldades”, analisou. O prefeito de Três de Maio, Altair Copatti, alertou que é fundamental a busca de alternativas para melhorar a logística na região. “A gente pensa no transporte ferroviário no futuro. Por que não?”, indagou.
O prefeito de Crissiumal, Roberto Bergmann, destacou que o aumento do êxodo populacional é uma das consequências da falta de acesso asfáltico nos municípios. Mencionou ainda que a falta de medidas efetivas pode comprometer o futuro. “Quando chegar 2030, não teremos mão de obra”, refletiu. O prefeito de Doutor Maurício Cardoso, Marino Pollo, também reclamou da má qualidade das estradas. “(A falta de) acesso asfáltico é uma vergonha, uma humilhação”, lamentou.
O prefeito de Senador Salgado Filho, Mario Klein, ressaltou que a falta de pavimentação compromete a atração de investimentos para os municípios gaúchos. “Acesso asfáltico é de extrema importância”, ponderou. Queixa semelhante foi feita pelo vice-prefeito de Horizontina, Jones da Cunha. “Sem infraestrutura, a região vai padecer”, alertou.
O coordenador do projeto RS 2030, Jairo Jorge, lembrou que “não há município, em Santa Catarina, sem acesso asfáltico”. Característica que tem contribuído para o crescimento do estado vizinho. O ex-prefeito de Porto Alegre José Fortunati lembrou que, mesmo em um cenário de dificuldades, é importante que os prefeitos não desanimem. “Vivemos uma crise sem precedentes. É diante desse quadro que temos que orientar a população. É preciso apresentar propostas concretas”, avaliou.
Um levantamento realizado pela Famurs, em setembro de 2016, apontou falta total ou parcial de acesso asfáltico como problemas que afetam 100 municípios gaúchos. Deste montante, 64 cidades não possuem nenhuma via com revestimento. Outras 36 têm pelo menos um acesso asfáltico. São 948 quilômetros de ligações municipais não pavimentadas em todo o Rio Grande do Sul. É aproximadamente a distância entre Caxias do Sul e São Paulo. O custo para universalizar o acesso asfáltico no Rio Grande do Sul é de R$ 1 bilhão.
Desconforto no transporte de pacientes e estudantes, desgaste de veículos públicos e particulares, prejuízo no escoamento da safra agrícola, maior dificuldade em atrair mão de obra qualificada, desestímulo a possíveis investimentos e êxodo rural são algumas das consequências visíveis da falta de asfaltamento nas vias de acesso às cidades. De acordo com estimativa da Área de Receitas Municipais da Famurs, o prejuízo pode chegar a 2,5% do PIB do Estado.
Foto: Maikio Guimarães