O senador Luis Carlos Heinze (PP/RS) e dirigentes de entidades do setor rural se reuniram nesta terça-feira (15/04), com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, para discutir o endividamento dos produtores rurais gaúchos devido a sucessivas intempéries climáticas. Durante o encontro, o governo federal sinalizou que a suspensão das cobranças será limitada e condicionada à elaboração de um diagnóstico detalhado sobre as perdas.
A promessa é de realização de um novo encontro com o objetivo de produzir um diagnóstico preciso sobre as perdas. A expectativa é de que ocorra antes da reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que segue confirmada para a próxima quarta-feira (23/04).
Guilherme Mello informou que o governo atuará em duas frentes: uma voltada à análise da prorrogação de dívidas de longo prazo e outra com foco em investimentos preventivos para o enfrentamento de eventos climáticos extremos.
“Reconhecemos que as mudanças climáticas têm afetado o Brasil. As secas são recorrentes. É um desafio nacional, e precisamos criar instrumentos eficazes para mitigar os impactos”, afirmou Mello.
Durante a reunião, o senador Heinze solicitou a suspensão imediata dos pagamentos por pelo menos seis meses. “Já temos relatos de suicídios. A União precisa agir. Neste momento, a prioridade é prorrogar as dívidas até que possamos construir uma solução definitiva. São cinco anos de prejuízos bilionários”, ressaltou.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, manifestou desapontamento com a falta de definições para socorrer o agronegócio gaúcho.
“Saio daqui muito mais preocupado do que cheguei. Eles não entenderam a gravidade que está vivendo o Rio Grande do Sul com os agricultores e acham que vão resolver o problema com manual de crédito”, exclamou, acrescentando que, inicialmente, a agenda em Brasília era com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que cancelou pela segunda vez reunião com a comitiva gaúcha.
Conforme da Silva, as manifestações dos técnicos do ministério foram contrárias à suspensão do pagamento das dívidas por 120 dias, medida pleiteada pela comitiva.
“Não tem o que dizer aos produtores que vão vencer parcelas (em abril) apenas que não paguem, pois não tem outra forma. Hoje, o governo não está oferecendo outra saída. É ir ao banco e fazer o manual de crédito”, afirmou.
“Acham que sabem mais do que as entidades”, acrescentou, detalhando que quando retornar ao Rio Grande do Sul será debatido a retomada ou não dos protestos do setor. Integrante da comitiva, o produtor Lucas Scheffer alertou que, caso o governo não anuncie ajuda emergencial, o setor deve iniciar uma paralisação a partir do dia 15 de maio.