Em coletiva realizada na sexta-feira (08/11) o diretor técnico do Hospital São Vicente de Paulo, Franklin Capaverde, disse que a morte da menina Maria Clara Hirt Soares, de um ano e nove meses, atendida na Emergência do hospital e que acabou morrendo após ser transferida para o Hospital Vida & Saúde de Santa Rosa, está sendo apurada de forma criteriosa por determinação da direção da Rede Verzeri, mantenedora do hospital. Além de representantes da imprensa local, os pais da criança, Gabriela Hirte e Dieison Soares, acompanharam a entrevista no auditório da instituição.
O médico explicou que o hospital tem o dever legal de manter os detalhes do atendimento em sigilo profissional, por esse motivo a instituição não pode rebater ou discordar de eventuais críticas, em razão da Lei Geral de Proteção de Dados (13.709/2018).
Segundo Capaverde, o São Vicente dispõe de um Núcleo de Segurança do Paciente, o qual avalia todos os atendimentos, as internações e eventuais intercorrências com os pacientes. Este grupo está ouvindo os profissionais que atenderam a criança e levantando os documentos pertinentes. Garantiu ainda que se ficar comprovada negligência ou erro técnico, o hospital não se eximirá de responsabilizar os envolvidos.
Disse também que, assim que reunir mais dados, o hospital colocar-se-á à disposição dos pais da criança para esclarecer todas as dúvidas e para fornecer documentos, e à quaisquer outras situações que a família julgar necessárias para esclarecer o fato.
O Atendimento
De acordo com as informações preliminares já levantadas pela investigação interna do Hospital São Vicente de Paulo junto ao prontuário médico, Maria Clara foi atendida pela médica plantonista do setor de Emergência do hospital, inicialmente, na segunda-feira (04/11), às 8h23min, após ser avaliada, a criança foi liberada para ir para casa com orientações de sinais de alarme para retorno e receitados antibióticos.
Às 21h49min do mesmo dia, a criança foi levada pelos pais novamente à Emergência, apresentando piora dos sintomas (febre e tosse). Foram realizados exames de laboratório e Raio-X e, após a avaliação, foi indicada a internação hospitalar. Após ser medicada, a criança apresentou uma relativa melhora, embora o quadro ainda fosse grave.
Ele revelou que a plantonista discutiu a situação com o pediatra responsável para saber como proceder. Durante a noite, ela apresentou novo agravamento do quadro clínico e diagnosticada Sepse (infecção generalizada).Por isso, foi indicada a necessidade de transferência para a UTI pediátrica do Hospital Vida & Saúde, de Santa Rosa. O deslocamento coube à Prefeitura, que contratou a ambulância com suporte avançado da Unimed. Infelizmente, Maria Clara acabou falecendo na terça-feira (05/11).
Questionado sobre a informação que o pediatra teria, em um primeiro momento, atendido a paciente infantil por telefone, Capaverde explicou que o hospital para o sobreaviso para que, quando se necessita da avaliação dos especialistas de sobreaviso, eles se façam presente na instituição, mas eles podem eventualmente discutir e dar orientações aos médicos plantonistas à distância. Afirmou ainda que os médicos que fazem plantão na Emergência estão habilitados para estabilizar os pacientes nas situações mais graves possíveis.
Sobre o grande número de críticas e queixas que vêm sendo publicadas em redes sociais a respeito da Emergência do São Vicente, o diretor técnico disse que os dados mostram que a qualidade do atendimento do setor melhorou, com a melhoria da satisfação dos pacientes atendidos, inclusive com a redução da mortalidade.
Após a entrevista coletiva, os pais questionaram o diretor técnico. Perguntado sobre a aplicação de adrenalina em inalação, os profissionais da imprensa tiveram que se retirar do auditório para que o médico pudesse dar a resposta aos familiares, em razão da confidencialidade das informações contidas no prontuário médico.
Conforme a família, a médica que atendeu inicialmente disse que se tratava de um quadro gripal e liberou a paciente.
— A médica plantonista não pediu exame, ela só ouviu o pulmão e olhou a garganta. E disse assim: "olha pai, a garganta está boa, o pulmão está bom, ela tem gripe" — afirmou a mãe, Gabriela Hirt Soares.
À noite os sintomas pioraram e Maria Clara retornou ao hospital. Desta vez, segundo os pais, os médicos constataram que ela estava com laringite e quadro de anemia. Maria Clara então foi internada e recebeu medicação.
Maria Clara foi encaminhada para a UTI Pediátrica do Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa. Segundo a família, o diagnóstico foi de infecção generalizada e uma bactéria desconhecida. Ela seria intubada, mas não resistiu e morreu na tarde de terça (05/11).