A história da cultura da soja, paralela à evolução da agricultura no Noroeste gaúcho e no Brasil, recebeu ênfase no primeiro dia do Simpósio Sul de Pós-Colheita de Grãos, nesta terça-feira (23/07), em Santa Rosa. Contexto e tecnologias para qualidade dos grãos na pós-colheita serão abordados nos três dias do evento da Associação Brasileira de Pós-colheita (Abrapos), que chega a sua 10ª edição, numa promoção em conjunto com a Cotrirosa. A programação segue até a quinta-feira (25/07), no Parque de Exposições Alfredo Leandro Carlson, contando com a presença de instituições de diferentes pontos do Sul do país.
Na primeira palestra do Simpósio, o vice-presidente da Fenasoja 2024 e coordenador da Unidade de Cooperativismo da Emater/RS-Ascar, Marcos Eduardo Servat, abordou o apanhado histórico que tornou oficialmente Santa Rosa o Berço Nacional da Soja no Brasil. A região de Santa Rosa é referência no setor agropecuário, com destaque para a suinocultura, bovinocultura de leite, agroindustrialização e produção de grãos, entre eles, a soja.
O Centenário da Soja no Brasil foi lembrado na fala de Servat, que esteve com a Comitiva da Fenasoja 2024 na fazenda da família Lehenbauer, em Hannibal, Missouri (EUA), de onde vieram os primeiros grãos cultivados de forma oficial no Brasil. A partir disso, apresentou o relato da distribuição das sementes de soja a partir de 1924, pelas mãos do Pastor Albert Lehenbauer, a paroquianos da então Colônia Santa Rosa, com o intuito de reduzir a fome e a pobreza das famílias locais. "Quando trouxe as primeiras sementes, o Pastor já afirmava que a soja seria o futuro da agricultura no Brasil, o que veio a se consolidar, uma vez que a oleaginosa foi responsável por transformar o setor agropecuário, industrial e de serviços e, com isso, impactou em questões econômicas e sociais", destaca.
Servat salientou o surgimento das cooperativas que fortaleceram a agricultura da região e citou o atual trabalho desenvolvido através das Unidades de Cooperativismo da Emater/RS-Ascar, presentes em sete regiões do RS, que prestam assessoria a cooperativas em sua gestão e acesso a mercados, numa parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR).
O marco histórico da Operação Tatu também esteve em pauta. O acesso ao Crédito Rural e processo de modernização, com iniciativas a exemplo da Operação Tatu, promovida pela Ascar e Associação Rural, em parceria com a Ufrgs, fizeram com que a partir da década de 50 a agricultura comercial avançasse na região e em todo o país.
Com o tempo e com o avanço das tecnologias, a soja se tornou a principal cultura comercial da região e do Brasil, que atualmente é o maior produtor do grão no mundo.
Nesse contexto e desde 1966, Santa Rosa sedia a Feira Nacional da Soja. A edição deste ano, que acontece de 29 de novembro a 8 de dezembro, celebra os cem anos da soja no Brasil, com perspectiva de receber mais de 350 mil visitantes, sendo, destes, dez mil estrangeiros. A importância da Fenasoja, para além dos dias do evento, mas como um movimento que tem inserção social e econômica que promove diversas ações através de centenas de voluntários, foi reconhecida na fala do mediador da palestra, superintende da Cotrirosa, Antônio Eduardo Cócaro da Costa.
A programação do primeiro dia do Simpósio seguiu com palestra acerca da gestão dos processos na unidade armazenadora de grãos e painel sobre segurança no trabalho e operação de unidades armazenadoras de grãos.
Nesta quarta-feira (24/07), padrão de qualidade e armazenamento de grãos, fatores que influenciam a classificação comercial da soja brasileira, tecnologias de conservação de grãos para evitar perdas na armazenagem e inovação em unidades armazenadoras de grãos serão temas de painéis. Na pauta da quinta-feira (25/07), recepção, secagem e armazenamento de canola e armazenagem e conservação de grãos. A programação completa está disponível no site https://www.eventos.abrapos.org.br/sspg2024/programacao/.
A realização da décima edição do Simpósio Sul de Pós-Colheita de Grãos é resultado da parceria da Abrapos e da cooperativa Cotrirosa. A co-promoção do evento conta com as instituições do setor de pós-colheita dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, como Agropan, Aurora, Alfa, Camera Agroindustrial, Celena Alimentos, Copercampos, Cotrijal, Cotriel, Cotripal, Cotrisoja, Cvale, Cotrisal, Cotriba, Cidasc, Conab, 3 Tentos, Epagri, Embrapa, Emater/RS-Ascar, UFPel e Instituto Federal Farroupilha. A Emater/RS-Ascar que, através da Gerência de Classificação e Certificação (GCC), presta serviços de classificação de produtos vegetais, inspeções, treinamentos, pré-auditorias e auditorias de certificação de produtos, direcionados a proporcionar maior controle de qualidade e segurança nos alimentos, está presente para que o trabalho realizado se torne cada vez mais atualizado e qualificado.
Por Deise Froelich/ Emater/RS-Ascar