A segunda estimativa da safra de verão da Emater-RS dá um retrato mais próximo dos danos causados pela estiagem à produção agrícola do Estado. A quebra chega a 41% no milho e a 31% na soja, ou seja, bem abaixo do que havia sido previsto para as culturas no início do ciclo.
Os números ainda não são finais e serão mais exatos quando a colheita do ciclo for encerrada, mas já antecipam ao menos uma boa notícia. Apesar da quebra que se repete, o efeito da falta de chuva é menos severo neste ano se comparado ao ciclo passado: no conjunto das culturas plantadas, houve aumento de 24% em produção ante a safra 2021/2022.
Além disso, em reflexo ao atraso no plantio, a colheita da soja, praticamente não iniciou no Rio Grande do Sul, lembra o novo diretor técnico da Emater-RS, Claudinei Baldissera. Isso pode trazer um novo recorte para os dados ao final da safra, já que a maior regularidade de chuva desde o fim de fevereiro tem beneficiado as lavouras em algumas regiões. No ano passado, nesta mesma época do ano, a colheita do grão já avançava de 3% a 4%.
— Se comparados aos primeiros plantios de soja, onde a estiagem foi mais severa, as lavouras que ainda estão em desenvolvimento têm uma capacidade de retomada do potencial produtivo. Talvez não na totalidade, mas com uma expressão significativa. Por isso é importante esperar o final da colheita para ter o retrato exato do que o Rio Grande do Sul vai afirmar em perdas — disse Baldissera.
A oleaginosa é a principal cultura de verão no Estado e tem produção estimada de 14,1 milhões de toneladas nesta safra, com produtividade de 2,1 mil quilos por hectare. Conforme Baldissera, a heterogeneidade da condição climática, com diferenças na distribuição da chuva, trouxe um desenho diverso no Estado.
A metade oeste do mapa, que concentra a maior parte da produção gaúcha de soja, foi justamente a que sofreu os piores efeitos da estiagem. As regiões de Santa Maria, Bagé, Ijuí e Santa Rosa tiveram as maiores perdas. A produção total do grão aponta para queda de 31,1%, e produtividade 30,5% menor.
No milho, cultura que sofreu os maiores danos pela falta de chuva, é projetada quebra de 39,49% em produtividade (4.440 quilos por hectare) e de 41,05% em produção em relação à primeira estimativa, somando 3,5 milhões de toneladas. No milho silagem, usado principalmente na alimentação dos animais, a quebra é de 40,51%.
A Emater também projeta baixas no arroz. A produção estimada do cereal é 2,91% menor, em 6,8 milhões de toneladas. A queda na produtividade é de 5,86%, apesar de aumento de 3,14% em área plantada em relação à primeira estimativa que havia sido divulgada, no início da safra.
Considerando-se todas as culturas da estação (soja, milho, arroz e feijão), a estimativa é de que a produção gaúcha some 24,7 milhões de toneladas de grãos.
Os dados foram apresentados durante café da manhã na casa da Emater na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, nesta terça-feira (7). Os secretários estaduais do Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, e da Agricultura, Giovani Feltes, acompanharam a divulgação. Marjorie Kauffmann, titular da pasta do Meio Ambiente, também esteve na apresentação.
O presidente da Emater-RS, Christian Lemos, destacou a capilaridade da entidade para atender o setor agropecuário gaúcho, composto em mais de 80% por pequenos produtores. Lemos reforçou o apelo para que se aprofunde o debate sobre a irrigação e a proteção contra eventos climáticos adversos, a fim de evitar que novos episódios de quebra de safra se repitam.
Os números
Estimativa da safra de verão 2022-2023
Projeções iniciais foram ajustadas por impactos pela estiagem
Por culturas
Soja
Milho
Arroz
Feijão 1ª safra
Fonte: Emater-RS
Postado por Paulo Marques