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Caso Gabriel: Polícia Civil indicia por homicídio triplamente qualificado os três PMs presos por morte de jovem

Investigação entendeu que houve motivo fútil, emprego de tortura e utilização de recurso que impossibilitou defesa da vítima

Caso Gabriel: Polícia Civil indicia por homicídio triplamente qualificado os três PMs presos por morte de jovem
Entrevista coletiva detalhou a conclusão do inquérito que apura o homicídio - Eduardo Matos / Agência RBS
  • 01/09/2022 - 18:20

A Polícia Civil indiciou por homicídio triplamente qualificado os três policiais militares presos por suspeita de envolvimento na morte de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, em São Gabriel, na Fronteira Oeste. Os soldados Cléber Renato Ramos de Lima, Raul Veras Pedroso e o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen estão detidos preventivamente no Presídio Militar de Porto Alegre.

As três qualificadoras atribuídas ao crime são motivo fútil, emprego de tortura e utilização por parte dos PMs de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

O relatório final do inquérito que investigou a morte  foi divulgado na tarde desta quinta-feira (1º). O delegado José Soares Bastos, de São Gabriel, que conduziu a investigação, apresentou os detalhes em entrevista na sede do Palácio da Polícia, em Porto Alegre. Participaram da coletiva ainda o delegado regional de São Gabriel, Luís Eduardo Benites,  o subchefe de polícia, Vladimir Urach, o chefe de polícia, Fábio Motta Lopes, e o diretor do Departamento de Polícia do Interior, Nedson Ramos de Oliveira.

Segundo o delegado Fábio Motta Lopes, as equipes ainda investigam como e quem pode ter levado o corpo do jovem até o açude, onde foi encontrado no dia 19 de agosto, uma semana após ele desaparecer. Essa é a resposta que  a apuração ainda precisa responder.

— Se o jovem Gabriel morre na viatura, se foi depois de ser deixado na localidade, não sabemos. O que sabemos é que ele morreu em decorrência dessas agressões — disse o chefe de Polícia.

Gabriel desapareceu no dia 12 de agosto quando foi visto pela última vez sendo colocado dentro de uma viatura da Brigada Militar após abordagem no bairro Independência, em São Gabriel, na Fronteira Oeste. O corpo do jovem foi encontrado na localidade de Lava Pé, cerca de dois quilômetros do local da abordagem. 

O laudo de necropsia constatou que Gabriel morreu por hemorragia interna causada por agressão na coluna cervical. Ele também tinha marcas de agressão na cabeça. 

— Temos elementos que mostram que o Gabriel foi agredido com um tapa, caiu e bateu com a cabeça em um paralelepípedo. Depois foi algemado e agredido com um cassetete — destacou o delegado Bastos, que apurou os fatos.

A Polícia Civil destacou ainda que pretende fazer, com o Instituto-Geral de Perícias (IGP), a reprodução simulada dos fatos.

Os três PMs já haviam sido indiciados pela Corregedoria-Geral da Brigada Militar em inquérito policial militar (IPM) por homicídio, falsidade ideológica e ocultação de cadáver.

Nesta quinta-feira (1º), o Jornal do Almoço revelou que a perícia encontrou sangue humano no porta-malas de uma viatura da Brigada Militar (BM) que estava em serviço na noite do desaparecimento. O veículo estava sendo usado pela equipe da patrulha ambiental de São Gabriel na madrugada de 13 de agosto, quando houve a abordagem a Gabriel. 

A perícia já havia encontrado sangue humano na viatura em que estavam os três policiais que abordaram Gabriel. As duas amostras vão ser confrontadas com o material genético de Gabriel para saber se o sangue é dele. Ainda estão sendo periciados os telefones celulares apreendidos com os investigados.  

Relembre o caso
Natural de Guaíba, Gabriel — que tinha se mudado havia apenas 15 dias — foi abordado no começo da madrugada de 13 de agosto, no bairro Independência, em São Gabriel. Após ser levado na viatura pelos três PMs, não foi mais visto. Uma semana depois, o corpo dele foi encontrado a dois quilômetros de onde ocorreu a abordagem, dentro de um açude.

Na ocorrência, os policiais haviam registrado que revistaram Gabriel e o liberaram. Com o sumiço, foram ouvidos em inquérito policial militar e admitiram ter levado o jovem para a localidade de Lava Pé. Alegando inocência, as defesas disseram que foi ele quem pediu para ser deixado naquele local, pois estaria procurando a casa de familiares.

Contrapontos

O que diz a defesa do sargento Jacobsen:

GZH tenta contato com o advogado Ivandro Bittencourt, que defende o sargento. Anteriormente, ele havia afirmado que o cliente é inocente. Ele também disse que não perguntou ao cliente o motivo de ele ter apagado as mensagens de WhatsApp que trocou com os outros dois investigados. 

O que diz a advogada dos soldados:

Vânia Barreto não havia atendido as ligações da reportagem até a publicação desta reportagem. Nos últimos dias, ela tem reforçado a inocência dos seus clientes.

Postado por Paulo Marques

Fonte: GZH