Refugiados ucranianos, incluindo muitas mulheres e crianças, se preparavam, no final da tarde desta quinta-feira (24), para passar a noite em uma estação de trem na Polônia. Eles acabam de fugir da invasão russa, embora sua cabeça ainda esteja me seu país, verificando compulsivamente as notícias do front em seus celulares.
— Venho de Kiev. Ouvi explosões perto do meu prédio e rapidamente arrumei minhas malas, levei quase tudo comigo — diz Olha, uma professora de 36 anos do Instituto Politécnico de Kiev.
Horas depois de deixar sua terra natal, palco de cenas de guerra, Olha foi uma das 200 pessoas que chegaram à estação de Przemysl, uma pequena cidade no sudeste da Polônia a poucos quilômetros da fronteira com a Ucrânia.
As mulheres, em sua maioria, ocuparam quase todos os assentos da estação ou se aglomeraram em cadeiras amarelas de acampamento ao lado de suas malas. Muitos refugiados não param de checar as notícias mais recentes em seus telefones.
— Me sinto segura aqui, mas não posso ajudar minha família ou amigos. Muitos estão em perigo e não podem sair tão rápido — explica Olha, que planeja viajar para a Suíça, onde encontra-se seu namorado.
— Temos muito sofrimento pela frente — diz a mulher, que faz questão de enfatizar que "a Ucrânia não é a Rússia".
Vagando entre os refugiados estão oficiais poloneses de todos os órgãos administrativos, incluindo da polícia e do exército, com soldados em trajes de camuflagem servindo sopa aos recém-chegados.
Os refugiados também receberam paczki, um doce típico polonês para o feriado da Quinta-feira Gorda, dia que marca o início do Carnaval em muitos países católicos. Na Ucrânia, a data também marcou o início da invasão russa.
Outros funcionários registravam as chegadas em uma mesa e ajudavam os refugiados a comprar passagens para dar sequência a suas viagens. Konstantin, um ucraniano de 25 anos que anda de um lugar para outro, explicou que os bombardeios e outras "coisas muito assustadoras" o levaram a deixar sua casa.
— Só vi vídeos e mensagens de amigos e isso me fez ir embora. Vou com um amigo para a Alemanha e verei o que acontece — disse à AFP. — Não sei quando voltarei à Ucrânia porque acho que é um grande problema para a Ucrânia que pode levar meses, talvez anos.
Iryna, uma empresária, afirma que a invasão da Rússia é "um ato contra a humanidade".
— Minha vida mudou completamente em meio dia. Mas é muito bom saber que temos para onde ir. Algumas pessoas não têm para onde ir — explica essa mulher de 42 anos.
Questionada sobre quanto tempo ela acha que a guerra vai durar, Iryna não sabe como responder.
— Claro que gostaria que os líderes mundiais fechassem um pacto e que isso acabasse logo — argumenta. — No entanto, acho que a Ucrânia não pode aceitar a paz nas condições da Rússia. Definitivamente não. A Ucrânia é uma nação independente que não pode ser subjugada à Rússia.
Postado por Paulo Marques