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Bombeiros que morreram em incêndio na SSP em Porto Alegre foram homenageados em Três de Maio

Em ritual inédito na sede do batalhão, bombeiros se despedem de colegas mortos em incêndio na SSP

Bombeiros que morreram em incêndio na SSP em Porto Alegre foram homenageados em Três de Maio
Paulo Marques
  • 22/07/2021 - 20:13
  • Atualizado 23/07/2021 - 06:46

O Corpo de Bombeiros de Três de Maio, prestou homenagens na Praça Henrique Becker Filho aos colegas que morreram duante o incêndio que destruiu o prédio da Secretaria de Segurança Publica do Estado RS, em Porto Alegre no último dia 14 de julho. O ato solene, ocorreu às 17h, concumitante com todas as homenagens feitas no Estado, e contou com representantes da Brigada Militar e da Polícia Civil.

Os bombeiros foram sepultados no final da tarde 

O Corpo de Bombeiros de Porto Alegre viveu um dia inédito nesta quinta-feira (22). Pela primeira vez na história da corporação, um velório com cerimônia de honras militares aconteceu dentro da sede de um batalhão. A despedida do tenente Deroci de Almeida da Costa, 46 anos, e do sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós, 51, mortos durante o incêndio no prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP) em 14 de julho, ocorreu ao longo de cinco horas.

Após sete dias ininterruptos de buscas, os bombeiros foram localizados sem vida na noite desta quarta-feira (21) e recebidos na sede do 1º Batalhão de Bombeiros Militar, no bairro Praia de Belas. Cada um dos caixões foi coberto por uma bandeira do Rio Grande do Sul, acompanhado de uma foto do militar. O capacete branco repousou sobre a esquife do tenente Almeida e o chapéu amarelo sobre a do sargento Munhós. Ambos foram acompanhados pela chamada guarda de honra, formada quatro alunos oficiais que se mantém ao lado dos colegas, "guarnecendo os companheiros."

O filho do tenente Almeida passou o velório fardado de bombeiro ao lado do pai. A esposa e a filha do sargento Munhós também não se afastaram do caixão, do mesmo modo como não deixaram de ir ao prédio da SSP em nenhum dia durante a semana de buscas. Acompanhadas de militares e psicólogos, mantinham a esperança de reencontrar o sargento vivo até o momento em que os colegas o localizaram, às 23h15 desta quarta-feira (21).

O velório foi reservado a familiares, amigos, colegas bombeiros e autoridades. Um enorme tecido com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul deu privacidade à despedida. No local, foi celebrada missa de corpo presente e a proteção visual só foi retirada no momento do ritual de honras militares, por volta das 16h15. As famílias receberam as bandeiras do Estado e os capacetes dos bombeiros. Os caixões foram conduzidos para fora do pátio do quartel pela guarda de honra. Foram homenageados com três salvas de tiro e marcha fúnebre até serem colocados no caminhão dos bombeiros com autoescada mecânica. Um cortejo com 11 viaturas dos Bombeiros, além de veículos da Brigada Militar e Polícia Civil seguiu até o Crematório Martinho Lutero, na Zona Leste da Capital.

Ao longo da tarde, militares e civis se consolavam pela dupla perda. Experientes, sargento Munhós estava na corporação desde 1990 e o tenente Almeida há 22 anos. A dupla morreu durante o desabamento do edifício, que veio abaixo uma hora e meia após o fogo começar na noite de 14 de julho. Após prestar apoio às famílias, o governador Eduardo Leite lamentou as mortes e reforçou a situação atípica enfrentada pelos profissionais durante o combate às chamas do prédio de nove andares:

— Viemos deixar alguma palavra de conforto às famílias, às esposas e aos filhos. Expressando o sentimento de admiração, respeito e orgulho pela força dos nossos bombeiros assim como cada um dos nossos soldados e oficiais que se dedicam à segurança pública. Sem dúvida eles salvaram vidas nesse episódio, enfrentaram uma situação crítica de um incêndio com resultado inesperado, com desabamento em uma hora e meia, o que não é corriqueiro. Eles estavam lá buscando garantir que não houvesse mais ninguém lá dentro.

Em conversa com a imprensa, Leite também afirmou que esse episódio reforça a necessidade de aperfeiçoamento da legislação e da necessidade de mais investimentos para que os prédios públicos sejam exemplo de prevenção e combate a incêndio:

— O prédio da SSP estava sob investimentos bastante expressivos para organizar todo sistema do PCCI (Plano de Prevenção Contra Incêndio). Lamentavelmente isso não aconteceu a tempo de evitar esse episódio, mas estava em pleno processo de implementação. Naturalmente eles recebem homenagens com honras militares, mas mais do que isso, o governo do Estado prevê investimentos expressivos para robustecer a estrutura do Corpo de Bombeiros e a capacidade de enfrentamento de situações mais críticas em nosso Estado. Além de garantir reposição de efetivo, vamos dar um reforço de investimento para que o Corpo de Bombeiros esteja a altura da qualidade dos homens e mulheres que o integram.

Após uma semana de torcida e orações pela localização dos bombeiros com vida, a esposa de um sargento, que preferiu não se identificar, esteve no velório para dar apoio às duas famílias. Seu marido integrou a equipe de combate ao incêndio da SSP, atuou nas buscas aos colegas e nesta quinta-feira esteve presente nas homenagens

— A dor é imensa. O Corpo de Bombeiros é uma família. Quando uma esposa de um militar perde o companheiro, as outras esposas sentem a perda. Foram dias de angústia e hoje é uma hora difícil para todos nós.

Fonte: Paulo Marques