Um caso que chocou o Estado: o assassinato brutal de um agricultor no município de Dom Feliciano, na zona sul, cometido por sua esposa. A vítima, de 42 anos, foi queimada vivo em uma fornalha de tabaco, em 15 de fevereiro. A mulher confessou o assassinato e indicou a fornalha, mas não foi possível identificar vestígios do corpo em um primeiro momento. Foi aí que iniciou o trabalho do IGP.
O perito médico-legista Wladimir Ribeiro Duarte, da 3ª Coordenadoria Regional de Perícias, foi o responsável por identificar a ossada humana na fornalha. O trabalho exigiu tempo e muita paciência, pois o assassinato tinha ocorrido há três meses e havia muitos resíduos para serem periciados na fornalha. “Os resíduos (retirados da fornalha) pesavam 14 quilos, basicamente compostos por cinzas e carvão. Procurei, pacientemente, em todo o material e, por separação manual, consegui dois fragmentos muito pequenos que lembravam esquírolas ósseas (lascas de ossos)”, conta Wladimir.
Os fragmentos encontrados foram levados para análises químicas -feitas em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) - com o objetivo determinar se eram ossos humanos. “Para o nosso contentamento, a microscopia eletrônica revelou que tinham os critérios para osso humano”, contou o perito. A delegada responsável pela investigação, Vivian Duarte, elogiou a atuação do perito no caso: "O trabalho foi fundamental para comprovar a materialidade dos crimes de homicídio e de ocultação de cadáver”.
O perito explica ainda que, pelos fragmentos terem passado por processo de incineração, o material genético perdeu parte de sua estrutura natural. Para ele, o crime testou os limites da perícia: “foram necessárias mais de três horas de separação por técnica de imantação e peneiração para encontrar pequeníssimos fragmentos suspeitos”. A esposa da vítima, que confessou o assassinato, foi denunciada pelo Ministério Público por homicídio duplamente qualificado.
Postado por Paulo Marques