Ouça agora

RADIOINFORMAÇÃO

com ELISIANE LUDWIG

Polícia

Busca por nova prova é aposta para descobrir o que aconteceu com gerente de banco desaparecido há mais de dois anos

Jacir Potrich, 55 anos, sumiu do condomínio onde morava no Vale do Taquari em novembro de 2018. Caso voltou à estaca zero após STJ encerrar ação contra o suspeito

Busca por nova prova é aposta para descobrir o que aconteceu com gerente de banco desaparecido há mais de dois anos
Jacir Potrich, 55 anos - Reprodução / Arquivo pessoal
  • 09/03/2021 - 17:04

Esta convicção guia o promotor André Prediger, um dos engajados na busca por descobrir o que aconteceu com Jacir Potrich, à época com 55 anos, desaparecido em Anta Gorda, no Vale do Taquari. Há mais de dois anos, o gerente do Sicredi sumiu do condomínio de alto padrão onde residia no município de 6 mil habitantes.

Desde então, o caso passou por série de reviravoltas, mas retornou à estaca zero em maio do ano passado, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que fosse encerrada a ação contra um suspeito, por entender que não havia indícios para que ele fosse processado pelo sumiço. Embora o Ministério Público (MP) e a Polícia Civil acreditem que a vítima foi morta, o corpo nunca foi encontrado.
Com a decisão em última instância, aquele processo foi encerrado, e um dentista, que chegou a ser preso duas vezes, mas negava envolvimento no desaparecimento, não é considerado mais réu e nem mesmo suspeito. Diante deste contexto, a única opção para reabrir uma investigação é encontrar nova prova sobre o que aconteceu com o gerente.

Na prática, não significa que o caso tenha sido deixado de lado, mas não há apuração por homicídio em andamento. MP e Polícia Civil seguem a busca por nova pista para desvendar o sumiço.

— Aquele processo não existe mais. Não adianta dar soco em ponta de faca. O fato concreto é que a vítima está desaparecida há dois anos e três meses. Esse sumiço podemos investigar. É isso que estamos fazendo. Não mais dirigido contra o ex-réu. Mas as investigações prosseguem para descobrir o que aconteceu com a vítima — explica o promotor.

A aposta das autoridades é de que alguma informação relevante, que ainda não chegou até eles, possa surgir com o tempo. O depoimento de alguma testemunha, o relato de alguém que ouviu algo e agora esteja disposto a falar ou mesmo a localização dos restos mortais da vítima seriam indícios que permitiriam reabrir a investigação por homicídio.

O gerente morava com a esposa e um sobrinho no condomínio de onde sumiu, no início da noite de 13 de novembro, após uma pescaria. A última imagem captada dele por câmeras de segurança é do momento em que seguia para o quiosque do residencial. Durante as buscas pelo gerente até um açude chegou a ser esvaziado, junto ao local onde ele morava, mas nenhuma pista do paradeiro de Potrich foi encontrada.

— Acreditamos muito que em algum momento vai surgir fio da meada. Seja testemunhal ou pericial. Trabalhamos com a hipótese de que esse crime não tenha sido praticado sozinho, pelo menos a ocultação do corpo. Sempre tem alguém que sabe. Está sendo um trabalho bem difícil, de formiguinha. Mas, mais cedo ou mais tarde, a culpa pesa e alguém vai falar — aposta Prediger.

Mesmo após a ação ter sido encerrada, pessoas da comunidade continuam procurando o MP e a polícia com informações sobre o caso. Mas, até agora, nenhuma delas foi consistente o suficiente para ser considerada prova.

— A polícia não tem dúvida de que houve um crime de homicídio — diz a delegada regional, Fabiane de Vargas Bittencourt.
O caso na época foi investigado por dois delegados, que atualmente não estão mais na Delegacia de Polícia de Anta Gorda. A delegada recorda que inúmeras diligências foram realizadas naquele período para tentar exaurir todas as possibilidades. O cenário atual, na ótica da policial, é mais complexo, já que a conclusão feita pela polícia na época não foi considerada convincente pelo Tribunal de Justiça e pelo STJ.

— Entendemos a gravidade desse fato. Aguardamos qualquer elemento, alguém da comunidade que tenha alguma informação para que possa ter subsídio para dar continuidade. Foi um caso que teve repercussão a nível de Estado. A família até hoje nos procura solicitando ajuda. Mas como houve o arquivamento do processo, existe dificuldade na investigação — afirma a delegada.

Após o caso, a esposa do gerente, Adriane Balestreri Potrich, 55 anos, deixou o condomínio onde residia e alugou um apartamento na área central do município. A família acredita que o bancário tenha sido assassinado, mas que o caso ainda será solucionado. Na mesma linha que os familiares, o promotor Prediger acredita que o tempo não impedirá que o caso seja desvendado.

— Um pai de família, esposo, gerente de banco, um homem que não tinha motivo nenhum para sumir, desapareceu, esse é o fato. A família quer uma resposta. O prazo prescricional é de 20 anos. Nós temos 18 anos para buscar essa prova nova. E eu tenho certeza que ela vem. Não é otimismo, é experiência. Tenho certeza de que em algum momento vamos chegar lá — afirma.

Colabore

Quem tiver informações sobre o caso pode procurar a Delegacia de Polícia de Anta Gorda pelo telefone (51) 3756-1138. Também é possível entrar em contato com o Ministério Público pelo telefone: (51) 3751-1143.

Relembre

Após o sumiço de Potrich, um vizinho acabou indiciado e denunciado pelo desaparecimento e morte do gerente do Sicredi. Para o MP e a polícia, o crime havia sido cometido em razão de uma desavença entre os dois.

O dentista chegou a ser preso, mas negava ter cometido o crime.

A ação acabou sendo encerrada pelo Tribunal de Justiça, que decidiu por unanimidade em agosto de 2019 trancar a ação penal, por entender que não havia provas de que o dentista tivesse envolvimento no caso. Em maio do ano passado, após o Ministério Público recorrer pedindo que a ação fosse mantida, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a decisão que encerra o processo.

Postado por Paulo Marques

Fonte: GZH