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ALVORADA MUSICAL

com PAULO MARQUES - Jornalista Reg. Prof. MTE-16408

Polícia

Determinada prisão de homens que seriam soltos após detenção com 4,6 toneladas de maconha

Determinada prisão de homens que seriam soltos após detenção com 4,6 toneladas de maconha
Maconha estava dividida em pacotes que pesavam entre 18 e 20 quilos do entorpecente - Divulgação / Brigada Militar
  • 12/07/2019 - 23:44
Poucas horas após o pedido de soltura dos seis homens presos durante a apreensão de 4,6 toneladas de maconha em Porto Alegre, nova decisão do Tribunal de Justiça determina a pela prisão preventiva dos suspeitos. A decisão é da jui?za Vanessa Gastal de Magalha?es, e foi tomada após o Ministe?rio Pu?blico recorrer da sentença de liberação do grupo.
O grupo é composto por Nycollas Carvalho de Souza, Fabrício Santos Raulino, Jeferson Chiabotto Moreira, Emerson Daniel Bento da Silva, Marcio Paulo Trindade e Luciano Carvalho Junior. Eles alegaram na audiência de custódia, nesta sexta, que sofreram violência policial.
A decisão do TJ ocorreu após um recurso do Ministério Público,  que desde a primeira sentença manifestou-se contrário à soltura. Conforme a promotoria, a Brigada Militar afirma que os ferimentos são decorrentes da tentativa de fuga, mas a juíza entendeu ser necessário libertá-los em razão das agressões apontadas.
Para o MP, houve soltura sem fundamento jurídico, "pois levou em conta apenas a alegação de agressão durante a prisão, o que será averiguado a partir de notificação da Corregedoria da Brigada Militar".
Para a magistrada que pediu novamente pela prisão, a soltura dos homens é "forte golpe contra a ordem pu?blica":
"Na?o vislumbro como eventual agressa?o sofrida pelos flagrados possa constituir, de imediato, sem provas e sem o contradito?rio, fundamento suficiente para a soltura dos acusados. E? uma situac?a?o a ser investigada, sim, mas na?o constitui motivo, por si so?, para a soltura", diz em sua decisão. "A imputac?a?o trazida pelos flagrados durante a audie?ncia de custo?dia e? grave e deve com toda a urge?ncia e responsabilidade ser apurada. No entanto, em nada altera a circunsta?ncia dos flagrados que foram detidos enquanto tinham em seu poder mais de 4,5 toneladas de drogas".
Para Vanessa, a possível pra?tica "de um crime posterior ao flagrante, na?o torna legal e ati?pica a conduta dos autuados neste expediente, nem autoriza a sua colocac?a?o em liberdade proviso?ria, por evidente. Sa?o situac?o?es distintas e que merecem ser tratadas de formas distintas ao ver deste jui?zo", conclui.
Presos na noite de quarta-feira (10), os seis homens receberam decisão favorável e seriam soltos após solicitação da juíza Lourdes Helena Pacheco da Silva, do serviço de plantão do Foro Central na tarde desta sexta (12).
Manifestação
O vice-presidente da Associação dos Juízes do Estado do Rio Grande do Sul (Ajuris), Orlando Faccini Neto, manifestou-se sobre o tema: "Os juízes possuem diferentes compreensões sobre o mesmo fenômeno jurídico".
 
Faccini, porém, alerta que o caso sinaliza a necessidade de ser melhor regulada a audiência de custódia. "Há uma sobrecarga de trabalho aos magistrados plantonistas, e a ausência de lei ensejou regulações muito variadas para a audiência de custódia em cada um dos Estados. Aumentam as situações em que juízes de mesma hierarquia decidam o mesmo episódio, gerando alguma perplexidade na população. Melhor seria uma lei fixando que o juiz natural da causa é quem vai decidir sobre a prisão ou liberdade do detido, evidentemente com um prazo razoável para a audiência, e com garantias à segurança do magistrado. Não é possível que juízes compareçam ao Foro de madrugada ou nos finais de semana, sem nenhuma segurança, para ficarem frente a frente com autores de, muitas vezes, violentos e bárbaros crimes".
A apreensão
A carga de maconha estava parte em um caminhão e a outra parte já havia sido retirada da caçamba e era pesada. Os tijolos enrolados em um material preto continham porções de 18 a 20 quilos da droga. Uma das embalagens continha símbolos do brasão do Paraguai - a suspeita da polícia é de que a droga tenha entrado no Brasil pelo Mato Grosso do Sul e descido até o Rio Grande do Sul passando por Paraná e Santa Catarina.
Uma avaliação do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil revela que a droga bruta vale R$ 5 milhões - valor que pode duplicar na distribuição ao varejo. O mesmo órgão afirma que esta é a maior apreensão do ano no Estado. GaúchaZH também confirmou a informação com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Federal (PF).
A suspeita do delegado Vladmir Urach é de que a carga tenha sido adquirida no país vizinho por um consórcio de traficantes de várias quadrilhas da Região Metropolitana.
— É uma apreensão significativa. Estamos apurando a possibilidade de que se trata de consórcio de traficantes para comprar droga nessa grande quantia. Provavelmente vários se reuniram para comprar uma carga grande, diminuindo custos e riscos — explica o diretor.
A polícia ainda tenta identificar os compradores da droga.
Postado por Paulo Marques
Fonte: Ga