A decisão do governo federal de eliminar as tarifas antidumping cobradas sobre a importação de leite em pó da União Europeia e da Nova Zelândia, maiores exportadores mundiais do produto, levou produtores, indústrias, cooperativas e pequenos laticínios a cobrarem medidas compensatórias. Surpreso com a medida, o setor alega que a retirada da sobretaxa facilitará a entrada de produto altamente subsidiado e competitivo — o qual impactará no preço do leite.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) quer que o governo volte atrás e alerta que as consequências serão imediatas aos produtores, agravando a crise do setor com mais endividamento e desemprego.
A taxação estava em vigor desde 2001, com valores de 14,8% para a União Europeia e de 3,8% para a Nova Zelândia, e visava proteger os produtores nacionais, garantir preços estáveis e preservar empregos. Na resolução publicada na quarta-feira, o governo federal, comparando volumes e valores do leite importado com o mercado interno, concluiu que não estava mais ocorrendo a prática considerada ilegal – o que justificaria a retirada da sanção.
Entre os pedidos estão prêmios para exportação do produto nacional e apoio ao projeto leite saudável, que prevê assistência e fomento a produtores por meio de desoneração de tributos.
A retirada das tarifas também mobilizou a bancada ruralista, que estuda alternativas para minimizar os impactos da suspensão da sobretaxa. O tema será a principal pauta da reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) na próxima terça-feira.