A jovem Amanda Refatti Viezzer, 19 anos, moradora de Florianópolis (SC), está presa em Roma, segundo uma agente da Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas de Santa Catarina. Ela teria transportado cerca de 3,2 quilos de cocaína para a Itália.
— Desde segunda-feira, eu estava no caso: a Amanda realmente foi presa em Roma. Ela foi mais uma das vítimas dos aliciadores do tráfico internacional. Estava com cocaína, cerca de três quilos. A gente já teve toda a informação que ela está sendo acompanhada por advogados do Consulado — diz a agente.
Na tarde de quinta-feira (27), a mãe da jovem disse que ela ainda prestava depoimento à polícia e que não poderia passar mais informações:
— Não posso passar nenhuma informação, ainda está em segredo da polícia. Ela está ainda prestando depoimento.
Com o fato, Amanda pode responder por tráfico internacional de drogas que, em caso de condenação, tem pena prevista de dois a seis anos. A jovem, segundo a família, teria viajado à Itália para fazer curso de idioma para se tornar piloto de avião. No sábado, ela chegou a ser considerada desaparecida, mas foi localizada na terça-feira, segundo a família, detida na imigração do aeroporto em Roma. Na quarta-feira (26), a família informou que Amanda foi liberada e seguiu para a cidade de Ferrara. Nesta sexta, a polícia de SC revelou que a jovem está detida por suspeita de tráfico internacional.
A agente da Polícia Civil de SC alerta os pais para que fiquem atentos a viagens internacionais inesperadas e com muitos benefícios. Ela cita que, no ano passado, foram pelo menos três jovens catarinenses detidos no Exterior em situação semelhante.
— Eles são aliciados para dinheiro fácil. Vão para conhecer o país e acabam nestas falcatruas. O mais importante é em qualquer viagem internacional de um jovem, a família tem de estar atenta a quem pagou passagens, quem foi buscar, se deu mala de presente.
A orientação é, em caso de dúvidas ou desconfiança, procurar a Polícia Civil ou Polícia Federal.
O Ministério das Relações Exteriores informou, em nota, que o Consulado do Brasil em Roma estava acompanhando o caso e prestou "a assistência consular cabível". Nesta sexta-feira, o Itamaraty afirmou, também em nota, que "em respeito à privacidade da nacional não serão fornecidas informações de cunho pessoal sobre o caso". A Polícia Federal não passou informações sobre a situação da jovem.
A reportagem tenta contato João Francisco Neto, advogado da família, e até a publicação desta notícia não obteve retorno.
Entenda o caso
Amanda estava desaparecida desde sábado (22), depois de embarcar no aeroporto de Guarulhos (SP) com destino à Itália. Ela só foi localizada pela família na manhã de terça-feira (25), quando estaria detida na imigração.
Segundo a mãe da menina, Michele Refatti, a Itália estaria investigando grupos que aliciam jovens para prostituição e Amanda teria o perfil de potencial vítima.
— A Itália está combatendo a máfia da prostituição e ela tem o perfil de quem poderia estar entrando na Itália para ser aliciada na questão da prostituição. Eles estão analisando a vida pregressa dela. Ela tem 19 anos, é uma guria bonita, tinha dinheiro vivo. Quando forem investigar nossa vida vão ver que não temos dinheiro, mas não nos falta nada — disse Michele à Rádio Gaúcha.
A jovem, que mora com a mãe e o irmão em Florianópolis, é comissária de bordo e estudante de pilotagem de voo. A notícia do desaparecimento de Amanda mobilizou familiares, amigos e até mesmo quem não a conhecia. Mensagens à procura da estudante foram compartilhadas nas redes sociais.
Postado por Paulo Marques