Depois de meses de alta, o preço de referência do leite no Rio Grande do Sul registrou queda em agosto. Segundo dados divulgados ontem pelo Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite (Conseleite), o valor projetado com base nos primeiros 10 dias do mês de agosto é de R$ 1,2210 por litro, 5,71% abaixo do consolidado de julho, que fechou em R$ 1,2949.
O professor Eduardo Finamore, da Universidade de Passo Fundo (UPF), explica que a redução foi puxada pelo preço do leite UHT, que caiu 10% no mês. No entanto, no acumulado de janeiro a agosto, o UHT está 5,69% acima do preço praticado no mesmo período de 2017. No mês, também caíram o queijo muçarela (-5,59%) e o leite pasteurizado (-3,13%).
O encontro mensal, presidido por Pedrinho Signori, reuniu representantes dos laticínios e produtores na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), em Porto Alegre. "O momento para o produtor é de cautela com investimentos. Cada um deve avaliar seu sistema de produção, considerando que o preço ao produtor está bom no momento, mas sem esquecer de atentar aos custos de produção", pontuou Signori.
Segundo presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat) e vice-presidente do Conseleite, Alexandre Guerra, o que preocupa é que a produção no campo não está crescendo como em anos anteriores e, mesmo assim, o preço no mercado demonstrou queda. "A produção no campo está menor do que na mesma época do ano passado", constatou, lembrando que os meses de agosto e setembro são pico de produção no Rio Grande do Sul, patamar 30% acima da captação de abril (pico da entressafra).
O que explica o cenário, aponta Guerra, é a política de promoções praticada no varejo, que gerencia seus estoques de forma a garantir compras de leite sempre mais vantajosas, espremendo as margens da indústria. Como a produção não está se expandindo como a média histórica, estima o executivo, a tendência é que a estabilidade de preços chegue mais rápido.