A demora na dragagem do porto do Rio Grande (que até pouco tempo aguardava a liberação do Ibama e agora espera recursos provenientes do governo federal) afeta praticamente todos os setores da economia gaúcha. Contudo, o segmento agrícola, com o escoamento das safras, é uma das áreas mais preocupadas com o tema.
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, comenta que há estimativas que a limitação do calado está custando de R$ 1,00 a R$ 2,00 por saca de soja (60 quilos). Para se ter uma ideia do que isso representa, no ano passado o volume de soja em grão exportado pelo Rio Grande do Sul totalizou cerca de 12 milhões de toneladas. O calado diminuído, devido à falta de dragagem, faz com que as embarcações não possam sair do complexo rio-grandino com carga plena ou é preciso esperar pela maré alta. "Quanto custa o navio parado? Evidentemente alguém está pagando essa conta", frisa Pereira.
Com o objetivo de indicar soluções para problemas como esse e aprimorar o transporte fluvial no Estado foi criada nesta quarta-feira (16) a Associação Hidrovias RS, na sede da Farsul, em Porto Alegre. Além de terminais portuários, fazem parte da associação entidades como a Farsul, Fiergs, Fecomércio-RS e Federarroz.
O coordenador da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, acumulará a presidência da instituição recém formada. "A nossa intenção ao criar essa entidade é aglutinar, criar uma coalizão empresarial para apresentar propostas", enfatiza.
O dirigente ressalta que os governos, tanto federal como estadual, não possuem recursos e é preciso o meio empresarial buscar novos modelos. Manteli adianta que os planos que serão elaborados pela Associação Hidrovias RS serão apresentados aos candidatos ao governo do Estado. Uma possibilidade que será discutida é a dos próprios agentes logísticos terem mais autonomia e desembolsarem recursos próprios para viabilizar a operação em hidrovias e de portos gaúchos.