Dois dias após a determinação de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo juiz Sergio Moro, o petista se entregou à Polícia Federal. Lula foi condenado a 12 anos e um mês de reclusão por conta das investigações da Lava-Jato. Após ser impedido por apoiadores de deixar o prédio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente saiu a pé por volta das 18h45min até às viaturas da PF, que aguardavam do lado de fora. Acompanhado de um comboio da polícia, ele se dirigiu para a Superintendência da PF em São Paulo, onde realizará exame de corpo de delito. O ex-presidente chegou ao local, às 19h43min. Em seguida, Lula pegará um voo para Curitiba (PR).
No aeroporto, repórteres e militantes aguardam a chegada do ex-presidente. Contudo, jornalistas estavam sendo hostilizados em frente ao portão pelo qual Lula deve entrar.
A prisão ocorre no dia em que a ex-primeira-dama Marisa Letícia completaria 68 anos. Lula se entrega após quase dois dias de negociação intensa com a PF, que, segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo, acatou o pedido para que ele presenciasse a missa em homenagem a sua mulher.
Conforme a jornalista Mônica Bergamo, policiais federais estiveram dentro do sindicato — a entrada da equipe seria parte da negociação, para estudar formas de retirar o ex-presidente do prédio em segurança. Alguns parlamentares e lideranças não teriam percebido a presença dos agentes, que estão disfarçados de funcionários e pessoas comuns.
A primeira tentativa de saída do sindicato do ex-presidente ocorreu em torno das 17h, em um carro cor prata. Ele foi acompanhado de seu advogado Cristiano Zanin Martins. Porém, militantes postados no portão de saída do sindicato impediram o deslocamento do automóvel. Os apoiadores de Lula entoaram: "Cercar, cercar e não deixar prender".
Pedido de prisão
A determinação da prisão de Lula foi expedida na tarde de quinta-feira (5). A medida ocorreu logo após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) encaminhar à Justiça Federal do Paraná o ofício autorizando a execução provisória da pena do ex-presidente. No despacho, Moro pediu ao petista que se apresentasse à PF até as 17h desta sexta-feira (6), o que não ocorreu. O magistrado vetou a utilização de algemas "em qualquer hipótese".
A assessoria da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, na qual despacha Moro, esclareceu que Lula "não descumpriu ordem judicial" ao não se entregar no horário indicado no despacho. O período concedido pelo juiz federal era um "prazo de oportunidade", em virtude do cargo ocupado pelo petista.
Antes, a defesa do ex-presidente havia entrado com pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), porém o ministro Felix Fischer negou. No início da noite, em mais uma tentativa para evitar a prisão do ex-presidente, a defesa do petista ingressou com uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator do caso será o ministro Edson Fachin – que já rejeitou dois habeas corpus impetrados pelos advogados. Não há previsão de quando o ministro vai analisar o caso.
Postado por Paulo Marques