Sem comprovar a denúncia de que o Uruguai estaria fornecendo leite em pó fabricado em outros países, na chamada triangulação, o governo reabriu o mercado brasileiro para os produtos lácteos do vizinho país. Em audiência pública no Senado ontem, o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luís Rangel, disse que a suspensão da importação de leite uruguaio foi uma medida preventiva. Disse que a medida era mesmo para ser “transitória” e serviu para investigar suposta “triangulação” de importações do produto de outros países, via indústrias uruguaias. “Suspendemos as importações para investigar”, explicou. “Auditamos in loco as três maiores produtoras uruguaias para verificar se no leite produzido no país havia lastro suficiente para abastecer as agroindústrias locais e ainda exportar para o Brasil”, disse.
Segundo Rangel, houve apoio do governo uruguaio e que a auditoria foi feita nos três maiores fabricantes, sem a constatação de qualquer indício de irregularidades.
O grande volume da importação de leite do Uruguai tem causado a insatisfação com o preço pago aos produtores brasileiros. Em algumas regiões, a informação é de que o valor estaria abaixo de R$ 0,80 por litro, não cobrindo sequer os custos da atividade.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, a solução é estabelecer cota de importação de leite em pó de origem uruguaia. Ele observou que medida similar está vigorando em relação às importações do produto da Argentina, como resultado de negociação entre os dois governos, numa exceção à regra geral de livre comércio entre países do Mercosul. Pelo acordo, ficou acertado um limite de 50 mil toneladas anuais de importação de leite em pó daquele país.