Estudo realizado pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) demonstrou que os produtores brasileiros pagam, em média, 86% mais caro por insumos em virtude da carga tributária e burocracias associadas à importação de máquinas, fertilizantes e defensivos.
O custo de se produzir grãos no Brasil chega a ser em média 79% mais caro que o custo argentino e 32% mais oneroso que o custo uruguaio. O peso dos impostos, somado à queda nos preços das commodities, vêm causando redução no lucro do produtor.
Coordenador do estudo, o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz é taxativo ao afirmar que o problema não é o bloco, mas o Brasil. A análise se fundamenta nos elevados custos de produção do agronegócio brasileiro e nas limitações impostas pela legislação nacional.
"Há muitas aberrações. Enquanto a indústria compra livremente produtos feitos na Argentina e no Uruguai, é praticamente impossível um agricultor negociar com esses países, onde o custo com insumos e equipamentos é infinitamente menor", diz Luz, diz o economista.
A diferença de preço de um inseticida para lavoura, por exemplo, pode ultrapassar 400%. O somatório de diferentes assimetrias torna o custo de produção brasileiro de arroz, por exemplo, 51% maior do que na Argentina e 24% acima do Uruguai. Na soja, em relação à Argentina, o desequilibro pode chegar a 153%.
E enquanto representações de produtores se movimentam para restringir compras externas, a Farsul tentará apoio para mudar os problemas internos. "No caso do leite, o Uruguai pode estar quebrando regras ao servir de entreposto para que entre no Brasil até produto de fora do Mercosul. Mas, no geral, o que buscaremos é soluções para os erros brasileiros nessa relação", explica Luz.
Segundo o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, a competitividade do produtor brasileiro é prejudicada pelas dificuldades impostas na importação. Enquanto argentinos e uruguaios podem adquirir insumos a preço de mercado internacional, no Brasil a compra de máquinas e equipamentos e outros produtos sofre uma série de restrições para proteger a indústria brasileira. As requisições de inspeções e liberações de departamentos técnicos, além da incidência de taxas, impostos de importação, PIS/Cofins, ICMS são mecanismos que fecham o país para a livre concorrência.
Da Luz esclarece que uma das soluções seria remover os entraves burocráticos para que os produtores brasileiros consigam diminuir os seus custos de produção ao acessar produtos nos mercados que tiverem as melhores ofertas.