O transporte de grãos ao Porto de Rio Grande está, em média, 26% mais caro, segundo levantamento da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). O preço médio por tonelada, em março do ano passado, foi de R$ 63,25; agora estaria em R$ 80,00. Para a pesquisa, foram considerados os municípios de Cruz Alta, Passo Fundo, Santa Rosa e Santo Ângelo. Segundo o diretor local do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Alaor Coelho Canêz, o aumento seria justificado pela demanda de transporte de soja.
“Temos uma superprodução e estão faltando caminhões. Acredito que o valor irá aumentar ainda mais nos próximos meses”, avalia, levando em conta a expectativa de recorde na produção de soja. Canêz explica que os custos do setor de transportes aumentaram entre 12% e 14% no último ano. Porém, nem todos os segmentos estariam conseguindo repassar o reajuste para os clientes. “No caso da soja é diferente. O produtor ou cooperativa precisa escoar a safra, então acaba aceitando os valores propostos pelas transportadoras”, frisa.
Segundo Canêz, o frete de tabaco não teria sofrido alterações ao longo do último ano; entretanto, ele não descarta que o reajuste no transporte de grãos possa refletir no de fumo. “Muitas transportadoras de fumo terceirizam caminhoneiros. Alguns podem deixar de aceitar esse serviço para levar grãos, já que o segmento está pagando melhor. Com isso, há possibilidade de faltar veículos para o fumo”, comenta.
Para a Farsul, a falta de estrutura logística no Rio Grande do Sul impacta no bolso do agricultor. A situação seria ainda mais grave em razão do preço pago pelo produto, o qual estaria em queda. A entidade defende a necessidade de se investir em novas formas de transporte no Estado para baratear os custos. Além de ser mais caro levar cargas pelo sistema rodoviário, a capacidade dele é inferior. “Uma única embarcação transporta cinco mil toneladas, o suficiente para retirar cem caminhões das estradas”, compara o diretor Fábio Avancini Rodrigues.
O estudo da Farsul apontou que o município que registrou o maior aumento foi Santo Ângelo, saltando de R$ 65,00 para R$ 85,00, um índice de 31%. O menor reajuste foi em Santa Rosa. No entanto, a região já possuía o frete mais caro em 2016 e manteve a posição, passando de R$ 70,00 para R$ 85,00, em média, por tonelada. Cruz Alta e Passo Fundo tiveram variação de 27%. Na primeira, passou de R$ 55,00 para R$ 70,00; na segunda, de R$ 63,00 para R$ 80,00.