O estado poderá colher a maior safra de grãos de verão dos últimos anos, de acordo com levantamento de condições das lavouras divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta terça-feira (7). A safra de verão 2016/2017 deverá alcançar uma produção de 30,86 milhões de toneladas, causando impacto econômico no valor bruto superior a R$ 29 bilhões. O balanço foi anunciado durante o tradicional Café com Leite para a Imprensa, na Casa da Família Rural, na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque.
Os dados coletados em todo o estado consideram a situação das lavouras até a primeira quinzena de fevereiro. A cultura de arroz foi cultivada em 101 municípios, 95% da área estimada. Com um aumento de área de 0,37% hectares (área atual de 1,092 milhão), a expectativa de produção é de 8,45 milhões de toneladas, um aumento de 12,79%, comparado à produção da safra passada.
A primeira safra do feijão foi cultivada em 210 municípios, 83% da área estimada. Para esta cultura, também foi confirmada a tendência de manutenção da área em relação à safra anterior, mesmo considerando os preços altamente vantajosos para o produtor. Se confirmada a produtividade de 1.753 quilos por hectare será a maior até hoje alcançada, possibilitando que a produção aumente em 19,39% em relação ao ano passado, alcançando 71,1 mil toneladas. Apesar dos problemas pontuais em decorrência do clima, regiões importantes como Caxias do Sul, Frederico Westphalen e Erechim compensaram positivamente com produtividades médias próximas de dois mil quilos por hectare.
A segunda safra do feijão, cultivada em 149 municípios, está se encaminhando para a finalização do plantio da safrinha de verão, chegando aos 62% da área inicialmente prevista. De acordo com o levantamento, a segunda safra do feijão deverá ter uma redução na área cultivada de 4,66% em relação à passada, ficando com uma área próxima a 20 mil hectares. Como a produtividade estimada apresenta um pequeno aumento em relação ao alcançado no ano passado, a produção deverá ter uma diminuição de 3,19%, o que indica um volume total a ser colhido pouco maior que 27,2 mil toneladas.
O milho é a cultura que apresenta o maior aumento de área plantada, 10,31%, mais de 816 mil hectares sendo produzidos em 397 municípios. Segundo o presidente da Emater/RS, Clair Kuhn, foi feito um esforço árduo para garantir esse resultado, tão importante para as atividades agropecuárias, especialmente a avicultura e suinocultura. Apesar de algumas irregularidades climáticas ocorridas, a produtividade desta safra, 6,7 mil quilos por hecatare, se confirmada, será a maior até hoje alcançada no Rio Grande do Sul. Impactada pelo expressivo aumento na área cultivada aliada a um aumento na produtividade, a produção avança em 17,26%, podendo atingir em torno de 5,55 milhões de toneladas.
A cultura da soja, cujo levantamento foi realizado em 351 municípios, não teve um aumento muito expressivo em relação à área, apenas 0,64%. Porém, a expectativa de produção estima um aumento de 3,43% (16,7 milhões de toneladas) e um aumento na produtividade de 2,25% (três mil quilos por hectare).
O presidente da Emater/RS, Clair Kuhn, informou que nos últimos dez anos a produção de grãos cresceu dez milhões de toneladas. "Esses resultados representam o grande esforço e o trabalho do homem do campo. O agricultor merece o nosso reconhecimento e esse é o nosso compromisso: estar junto ao agricultor buscando o desenvolvimento do setor agropecuário", afirmou. Ele lembrou que a Emater/RS-Ascar está presente em 495 municípios do estado. "Esta apuração foi um trabalho minucioso, de confiabilidade e fidelidade ao que está no campo", acrescentou.
O analista de mercado e professor do curso de Economia da Unijuí, Argemiro Brum, alerta, no entanto, que o resultado para os produtores gaúchos deverá ser 50% menor nesta safra em relação a anterior. Os motivos são a alta dos custos de produção e a cotação do dólar.